o X da questão

Porque a oposição ao Super Porto do Açu da empresa LLX? Estaríamos apenas bloqueando o progresso?

Os governos Federal, Estadual e Municipal agora apostam em uma "nova" estratégia crescimento - resgatada da ideologia desenvolvimentista dos anos de 1950 - que tem como base o financiamento de mega projetos públicos e privados. O Super Porto do Açu é mais um dos projetos no qual os governos Federal e Estadual estão ligados.

O Super Porto da LLX tentou ser instalado em dois outros Estados brasileiros, Santa Cataria e São Paulo, mas não foi autorizado pelos respectivos Estados por ter impactos excessivamente pesados nas populações locais e também no meio ambiente. Mas aqui em São João da Barra, no Estado do Rio de Janeiro, foi  aceito de braços abertos pelos governos Estadual e Municipal.

O início dos trabalhos de projeção do Porto da LLX foram iniciados ainda em 2007, com o mapeamento para início das obras de construção. O mapeamento e o projeto da obra foram realizados sem consulta prévia à sociedade local. O Porto da LLX já está trazendo, e trará ainda mais, impactos para a localidade e região. 

Segundo relatório produzido pela Associação dos Geógrafos do Brasil (AGB), o porto afeta a maior área de preservação re restingas do Brasil. Até o momento não foi realizado nenhum levantamento das espécies que existem no local, sendo que já se sabe que muitas estão em risco de extinção. Outro ponto que cabe levantar é que não foi realizado nenhum tipo de levantamento social ou econômico da região. Sabe-se que só na atividade de produção de alimentos serão perdidos mais de 15 mil empregos e se levarmos em conta a distribuição esse valor sobe para 50 mil empregos perdidos. No total serão 447 pequenas propriedades afetadas.

São João da Barra é o segundo maior produtor de abacaxi do Estado do Rio de Janeiro e o maior produtor de maxixe. Ocupa ainda a terceira posição na produção de pescado no Rio de Janeiro - cabe lembrar que as obras de construção do Porto da LLX afetarão em média 400 famílias de pescadores. Os moradores que protestam contra a tomada de suas terras são duramente reprimidos pela Tropa de Choque da Polícia Militar. Os moradores que aceitaram sair de suas terras, foram transferidos para diversas fazendas da região, mas essas terras não tem situação fundiária regularizada (clique e leia a respeito) deixando os moradores em situação de insegurança, já que as terras podem ser protestadas judicialmente no futuro. Cabe lembrar também que essas terras não estão aptas para a produção de gêneros agrários, já que, em virtudes de serem utilizadas durante décadas para a plantação de cana, o solo está exaurido.

Cabe lembrar também que além desses impactos a construção do porto gera ainda mais impactos ambientais. Grandes áreas que eram usadas para a pesca agora estão sendo utilizadas como um lixão em alto mar da LLX, onde os rejeitos da construção do porto estão sendo depositados, causando grandes danos ambientais. Quando o porto estiver pronto irá ser criado a "Cidade X" e um complexo industrial que contará com a presença de indústrias para produção de cimento, siderúrgicas e uma usina movida a carvão mineral, um conjunto de indústrias que mais poluem no mundo, o que afetará a vida de milhares de pessoas e também o meio ambiente.

Cabe lembrar que quando a "Cidade X" estiver pronta ela necessitará de um grande abastecimento de água potável. As obras das duas adutoras já estão sendo construídas, desviando parte do fluxo do Rio Paraíba do Sul. Segundo o relatório da Associação dos Geógrafos do Brasil (AGB), para abastecer a "Cidade X" será desviado mais de 10% de toda a água do rio Paraíba do Sul, o que irá agravar o problema do avanço do mar no Pontal de Atafona, já que, com a diminuição do volume de água e sedimentos, o mar tenderá a avançar ainda mais para o continente. Outro tema levantado é que os resíduos produzidos pela "Cidade X" serão lançados in natura, isto é, sem tratamento a 4km da costa, em alto mar.

Tendo tais fatos em mente será que podemos considerar que esse empreendimento irá satisfazer os interesses das populações da região ou só servirá para aumentar o lucro das empresas do Grupo EBX?