terça-feira, 30 de julho de 2013

Desapropriados a troco de nada

Famílias retiradas de suas casas para a construção do porto do Açu, do empresário Eike Batista, que está parado e sem atividade, querem a saída do governador do Rio, Sérgio Cabral, e do presidente do BNDES, Luciano Coutinho; ele acusam o peemedebista de ter sido beneficiado por Eike após a desapropriação de terras

Rio247 – A situação do governador Sérgio Cabral (PMDB) parece cada vez mais insustentável. O peemedebista é acusado de peculato e formação de quadrilha, conforme uma notícia-crime elaborada por 29 moradores de São João da Barra, na Zona Norte do Estado, que tiveram suas terras desapropriadas para dar lugar à construção do complexo do Porto do Açu, do empresário Eixe Batista.

Os moradores apresentaram, nesta segunda-feira (29), o comunicado no Superior Tribunal de Justiça (STJ) pedindo o afastamento de Cabral, bem como do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. 

De acordo com a notícia, o governador do Rio teria sido beneficiado pelo empresário Eike Batista após a desapropriação das terras. Um dos benefícios seria o uso de um jatinho do empresário para viagens de Cabral. Além disso, consta no comunicado que Luciano Coutinho estaria "alimentando a organização criminosa com recursos do erário", valendo-se de verba do BNDES destinada a Eike. 

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, os moradores acusam o governador de peculato, e Coutinho e Batista, de gestão temerária, e os três por formação de quadrilha. O jornal publicou no último domingo que apenas 10% da área desapropriada para a construção do Porto de Açu estão em execução. Os moradores querem a devolução das terras e preparam uma ação popular para contar com o apoio da Justiça.


segunda-feira, 29 de julho de 2013

Do Blog do Prof. Pedlowski: Processo dos agricultores do Açu no STJ contra Eike, Cabral e Coutinho já foi distribuído



O processo movido pelos agricultores do V Distrito de São João da Barra que tiveram suas terras desapropriadas contra Eike Batista, Sérgio Cabral e Luciano Coutinho no Superior Tribunal de Justiça já foi distribuído para a Ministra Nancy Andrighi. 

Abaixo uma imagem do extrato de movimentação dentro da base de dados do STJ.



Moradores da área de porto de Eike pedem ao STJ o afastamento de Cabral e do presidente do BNDES

Por Mário Magalhães


( Para seguir o blog no Twitter: @mariomagalhaes_ )

Moradores do 5º Distrito de São João da Barra (RJ), área onde está sendo construído o complexo industrial do porto do Açu, apresentaram notícia-crime ao Superior Tribunal de Justiça pedindo o afastamento imediato do governador Sérgio Cabral e de Luciano Coutinho, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A empresa LLX, de Eike Batista, controla o porto do Açu.

O documento protocolado sábado pelo sistema eletrônico do STJ é assinado por 29 moradores. Acusa Eike, Cabral e Coutinho de formação de quadrilha. Formalmente, solicita a investigação sobre os negócios em torno do porto e das desapropriações de terras de agricultores. Afirma que a “desapropriação de 7.200 hectares” para a construção do complexo foi viciada por “decretos ilegais e arbitrários”.

O governador do Rio de janeiro é apontado como beneficiário de favores ilícitos de Eike Batista: Cabral “passou, publicamente e sem temer a Justiça, a valer-se das facilidades que lhe foram proporcionadas” pelo empresário. É citado um empréstimo de avião.

Coutinho teria, conforme a notícia-crime, aprovado o fornecimento de verbas federais para quem não estaria em condições de recebê-las, como a empresa de Eike. Haveria a “existência da organização criminosa para sangrar os recursos públicos através do banco oficial do governo federal” e para “praticar delitos contra o erário público estadual”, sustenta a petição de 39 páginas.

A saída de Cabral e Coutinho é requisitada com base no Código de Processo Penal, que determina a “suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais”.

Os signatários da notícia-crime são agricultores que pretendem receber de volta as terras que julgam terem sido desapropriadas irregularmente.

O blog está aberto às manifestações do governador, do presidente do BNDES e de Eike Batista.

domingo, 28 de julho de 2013

Do Blog do Prof. Pedlowski: Pela devolução das suas terras, agricultores do Açu entram com queixa crime no STJ


Se as coisas já não andavam boas para Eike Batista e Sérgio Cabral, agora elas ficaram ruins de vez. Depois de anos de humilhações e desrespeito, um grupo de agricultores desapropriados no V Distrito de São João da Barra decidiu gritar a sua versão do "Dia do Fico" e impetrar uma queixa crime no Superior Tribunal de Justiça contra Eike Batista, o (des) governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

A ação preparada pelo advogado campista Antonio Maurício Costa, conhecido por sua competência e ligação com o deputado federal Anthony Garotinho, foi protocolada na noite deste sábado (27/07) e já deverá correr o seu curso a partir desta 2a. feira.






É importante que se note que foi a liderança continuada da ASPRIM que permitiu que as famílias que decidirem continuar resistindo chegassem a uma condição que poucos imaginavam até poucos meses atrás, qual seja, a de acionar criminalmente Eike Batista, Sérgio Cabral e Luciano Coutinho por causa de todos os desmandos e desrespeitos que ocorreram no V Distrito após a promulgação dos quatro decretos de desapropriação pelo (des) estadual do Rio de Janeiro.
A hora agora é a da reação dos que foram ofendidos e desrespeitados. Ainda que não haja garantia de que a justiça por si só vá garantir o direito desses humildes cidadãos brasileiros, agora vai ficar público que eles não estão dispostos a sair de suas terras sem usar todos os tipos de resistência existentes.

A esses resistentes, o meu respeito e admiração!


Desapropriações viram arma para disputa política

Garotinho e Freixo, críticos a Cabral, saem em defesa das famílias do Açu


Ex-governador do Rio conseguiu advogado para famílias processarem Cabral e Eike; Freixo foi pessoalmente ao localDA ENVIADA A SÃO JOÃO DA BARRA (RJ)

A situação dos agricultores do Açu que tiveram as terras desapropriadas para a construção do porto concebido pelo empresário Eike Batista ganhou contornos políticos.

O ex-governador Anthony Garotinho (PR-RJ) disponibilizou um dos melhores advogados da região para ajudar os agricultores na ação popular para reverter a desapropriação e num processo contra o governador Sérgio Cabral e contra Eike.

Se as ações vingarem, podem ter efeitos ruins também para o prefeito de São João da Barra, José Amaro Martins de Souza (Neco), aliado de Cabral. A ex-governadora Rosinha Garotinho é prefeita de Campos de Goytacazes, a maior cidade da região.

"A situação é jurídica e política", reconhece o advogado Antônio Maurício Costa. Ele diz que Garotinho, que é deputado federal, pediu para "atender de graça o pessoal" e que não está cobrando "nem uma fotocópia".

Marcelo Freixo, deputado estadual e ex-candidato a prefeito do Rio, também esteve na região para tentar evitar que um senhor paraplégico de 82 anos e seus filhos perdessem suas terras.

"No mês passado, chegaram cinco camionetes para ocupar a terra, mas nós não arredamos pé", diz Sérgio Viana de Toledo, enquanto mostra um poço artesanal de água potável, que atende várias famílias da região. Ele é filho de José Irineu Toledo, que está hospitalizado e teve suas terras desapropriadas.

O Açu é formado por pequenas propriedades rurais que foram sendo divididas dentro da mesma família --e muitas pessoas não possuem escritura. Os agricultores contam histórias de irregularidades nas desapropriações, que são negadas pela Companhia de Desenvolvimento do Rio de Janeiro (Codin).

Reinaldo Toledo de Almeida, 77, vive um pouco mais a frente da terra dos primos em um sítio onde construiu casas para vários filhos. Ele diz que também tinha outra pequena propriedade, que foi desapropriada.

Com cuidado, retira do bolso um papel escrito a mão e mostra à reportagem. Lá sua terra está avaliada em quase R$ 290 mil. Ele disse que é "o único documento que recebeu da Codin". Toledo afirma que recebeu um auxílio mensal do órgão, mas até agora não foi indenizado.

OBRA SÓ PERTO DO MAR

A LLX recebeu a Folha para uma visita ao porto do Açu. As obras estão em andamento, mas focadas nos clientes firmes que o projeto já tem.

Por isso, as obras estão concentradas na região bem próxima ao mar. Essa região responde por 20% do projeto total, que é de 90 quilômetros quadrados. Mas quase nada é feito na chamada retro área, onde ocorreu a maior parte das desapropriações.

No terminal TX-1, o trabalho segue em ritmo lento, por causa das postergações da Anglo American. No TX-2, as empresas NOV e Technip estão com as obras em fase avançada, com previsão para começar a operar no fim do ano.

A Intermoor iniciou agora a primeira fase das obras. Já Wartsila, Asco, MPX, GE e V&M assinaram contrato com a LLX, mas não têm prazo para começar a operar e não iniciaram a construção. A reportagem não visitou as obras do estaleiro OSX, que enfrenta graves problemas financeiros.

A siderúrgica Ternium assinou um contrato com a LLX, mas o documento permite que o grupo desista do projeto. Segundo a LLX, a decisão final deve sair nos próximos meses. Ainda não há obra no local.

(RAQUEL LANDIM)

Com declínio de Eike, agricultores pedem terra desapropriada de volta no porto de Açu, no RJ


RAQUEL LANDIM, ENVIADA ESPECIAL A SÃO JOÃO DA BARRA (RJ)

Silvana de Alvarenga Barreto enxuga as lágrimas e empertiga-se na poltrona estreita depois de contar que o marido faleceu no dia 5 de maio, logo depois de completarem 29 anos de casados.

Ela está convicta de que Aloísio Barreto "morreu de tristeza" por causa das complicações da depressão que o atormentou desde 2011, quando perdeu suas terras.

"O progresso sempre mexe com alguém, mas aqui só trouxe desgraça. Faz dois anos que tomaram a terra e não fizeram obra nenhuma", diz Assis, filho do casal.

A indignação de Assis é a mesma da maioria das cerca de 300 famílias que tiveram as terras desapropriadas para a construção do complexo industrial do porto do Açu, no norte do Rio de Janeiro, o projeto mais ousado do empresário Eike Batista.

Dos 70 quilômetros quadrados --7.000 campos de futebol-- desapropriados pela Companhia de Desenvolvimento do Rio de Janeiro (Codin), vinculada ao governo do Estado, só 10% estão ocupados por obras.


Editoria de Arte/Folhapress

A desapropriação, no entanto, está quase completa. Das 466 propriedades, 420 foram desocupadas, algumas com ajuda da polícia. Há na área várias casas demolidas e terrenos cercados com placas como "Propriedade privada da LLX", "Propriedade privada da Codin" e "Não ultrapasse". A LLX opera o porto.

Com a derrocada de Eike, atolado em dívidas, os agricultores querem as terras de volta. As lideranças rurais preparam com auxílio de advogados uma ação popular, que vai pedir à Justiça a reversão das desapropriações por "desvio de finalidade", já que pouca coisa saiu do papel até agora.

O projeto de Eike previa a instalação de siderúrgica, cimenteiras, termelétrica, um polo metal mecânico, um polo ferroviário, entre outras empresas. Eike chegou a dizer que a negociava a vinda de uma fábrica de produtos da Apple para o Açu.

OUTRO LADO

Por meio de nota, a Codin informou que "o desvio de finalidade não procede, porque já existem empresas entrando em funcionamento e outras em fase de obras".

O órgão ressaltou que, para mitigar os impactos sociais, reassentou pequenos agricultores e paga um auxílio produção aos demais.

A LLX não comentou a possível ação. Diz que a área adjacente ao porto é importante para evitar que a cidade cresça em seu entorno, criando gargalos logísticos como há, por exemplo, em Santos. Ela prevê que toda a área do complexo esteja ocupada em 2030.

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/07/1317872-com-declinio-de-eike-agricultores-pedem-terra-desapropriada-de-volta-no-porto-de-acu-no-rio.shtml

terça-feira, 23 de julho de 2013

Do Blog do Prof. Roberto Moraes: Três informações sobre o Açu

Abaixo a embarcação da empresa espanhola FCC que despeja pedras para o quebra-mar do TX-1 nas obras do Porto do Açu. As pedras são colocadas no convés, o casco se abre para elas serem depositadas no fundo do mar. A empresa segue em ritmo lento e com poucos funcionários para realizar as obras de construção de píeres e quebra-mar do terminal-1 (ex-TX-1) do Porto do Açu.


A outra imagem é do galpão da Unidade de Construção Naval (UCN) da OSX ainda não acabado e abandonado. Pela região comenta-se que a Mendes Jr., através do Consórcio Integra, começaria nos próximos dias a contratar pessoal para os serviços de montagens do módulos das plataformas P-67 e P-70 que seriam feitas nas áreas do estaleiro no Açu. Aliás, a localidade foi até agora a mais atingida pela redução do movimento e especialmente pelo fechamento da portaria de acesso aos empreendimentos pela estrada da Figueira.



A terceira é a informação de que a pressão sobre a PMSJB para absorver (indiretamente, via empresas de pessoal) trabalhadores demitidos do porto é grande. Parte teria sido atendida para diminuir as pressões.

sábado, 20 de julho de 2013

Do Blog do Prof. Roberto Moraes: OSX quer mais prazo para pagar empréstimo ao BNDES que vence em agosto


A informação é do Estadão:

"A OSX empresa de construção naval do grupo EBX, solicitou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a prorrogação do prazo de vencimento de um empréstimo-ponte de R$ 399,999 milhões concedido em 2011 e que teria de ser pago no mês que vem. 

Outro empréstimo-ponte para o grupo, de R$ 518 milhões, foi concedido à LLX, empresa de logística responsável pela construção do Porto do Açu, e vence em setembro. A empresa também está em negociações para a rolagem da dívida. 

Esse tipo de empréstimo, utilizado como um adiantamento em projetos de longo prazo, é concedido para que as empresas possam dar início a obras ou contratar equipamentos enquanto o financiamento total está sendo analisado. Neste caso, faz parte de um financiamento aprovado em junho de 2012, no valor de R$ 1,344 bilhão, para a montagem do estaleiro de Eike, no município de São João da Barra, no Rio.

Os empréstimos-ponte para as duas obras estão condicionados ao cumprimento das etapas iniciais dos projetos. Em agosto, segundo fontes, o BNDES esperava liberar a primeira parcela do financiamento de longo prazo ao estaleiro. Quando isso ocorre, o valor desembolsado no empréstimo-ponte é deduzido do total."

Do Blog do Prof. Pedlowski:Eike, o homem que vendia terrenos na lua



Pode parecer implicância, ou até piada de mau gosto, mas não é. Alguém já se adiantou e escreveu uma radiografia da queda assombrosa de Eike Batista e a obra atende pelo sugestivo título de "Eike, o homem que vendia terrenos na lua".

O livro que se encontra disponível para compra até na Amazon.com , com direito a versão até em Kindle , de autoria de Leonardo Attuch, jornalista e fundador do site Brasil 247, traz a seguinte sinopse:

"Eike: o homem que vendia terrenos na lua" narra a ascensão e queda do empresário que prometia ser o homem mais rico do mundo, chegou a ter uma fortuna de mais de US$ 30 bilhões, mas viu tudo evaporar quando sua bolha estourou, deixando um rastro de prejuízo para milhares de investidores."

Este livro deverá, ou deveria ser, um item de cabeceira para muitos que caíram na conversa sedutora de Eike, visto que até medalha honorífica foi concedida ao agora desgraçado "Midas brasileiro", enquanto os críticos eram atacados de todos os jeitos. Agora resta aos que alvoraçavam contra os que alertavam, ler o livro de Leonardo Attuch para entender onde e quando as coisas começaram a dar errado para Eike.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Do Blog do Prof. Roberto Moraes: PMs que ganham por trabalho extra no Açu estão sem receber desde março

A maioria se lembra de que em 2011/2012 Cabral regulamentou através de decreto autorização de trabalho fora do expediente para os policiais militares, o que permitiu "bicos" em eventos e outros. 

Aqui no Açu, muitos foram contratados para este trabalho extra pago pela Codin, segundo alguns. Segundo outros, o pagamento era feito efetivamente pela LLX, naquele acordo que envolve a gestão da área do Distrito Industrial de São João da Barra (DISJB) cujo "convênio" ou "parceria" nunca se soube.

O blog não sabe quem efetivamente vinha pagando por este trabalho, que substituiu um trabalho ilegal de policiamento com cavaleiros, que era feito por empresa não legalizada pela Polícia Federal e que foi impedida de prosseguir atuando no Açu.

Pois bem, a notícia que o blog apurou é que os PMs estão desde março sem receber este "extra" da Codin. Eles já informaram que se o pagamento não sair nos próximos dias vão abandonar o trabalho.

Uma pergunta: se é a Codin que paga os salários será que a crise do grupo EBX também atingiu a empresa do estado?

Como sempre faz, mas nunca é demais repetir, o blog abre espaço para a Codin e a LLX se manifestarem.

Na Justiça por reintegração de terras na área do Açu

LLX / Divulgação
Terras desapropriadas para a construção do Complexo Industrial do Porto do Açu

Fernanda Moraes

Pelo menos 200 produtores rurais que tiveram as terras desapropriadas no 5º Distrito de São João da Barra (SJB), no entorno do Porto do Açu, entraram com ação na Justiça pedindo a reintegração de posse. As áreas imitidas na posse, segundo a Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin), são destinadas à criação do Distrito Industrial em SJB. 

Segundo o vice-presidente da Associação dos Produtores Rurais e Imóveis de São João da Barra (Asprim), Rodrigo Santos, a associação pretende mover uma ação de desvio de finalidade contra a Codin, pois muitas desapropriações já ocorreram e o Distrito Industrial continua no papel. "A Codin alega que as empresas não estão mais interessadas na área. Além de não estarmos vendo resultado, existem indícios de que a construção do Porto causou a salinização em áreas do solo, de águas doces em canais e lagoas e de água tratada para o consumo humano", argumentou o vice-presidente.

Questionamento sobre os valores

Rodrigo afirmou ainda que, em fevereiro deste ano, a associação conseguiu que fosse arbitrada multa pela Justiça em uma ação coletiva para questionar os danos ao meio ambiente causados pela obra e a falta de um estudo de impacto ambiental, que deveria ter sido feito pelo Ibama. 

"Ao ser intimado, o Ibama alegou que não havia necessidade de se fazer o estudo e que a competência seria do Inea. O Ibama agora está recorrendo, pois a multa é de R$ 10 mil/dia em caso de não apresentação do relatório de impacto ambiental". 

Segundo Rodrigo, por hectare de restinga suprimido, a multa estipulada foi de R$ 100 mil/dia. "Estima-se que foram suprimidos 500 hectares de restinga".

O vice-presidente da Asprim disse que cerca de 30% das propriedades ainda não foram desapropriadas. "Meu sogro continua morando no local", afirmou ele, destacando que o valor pago pelas indenizações também está sendo questionado. "O correto seria pagar por metro quadrado e não por alqueire, como vem ocorrendo". 

O processo previa a desapropriação total de 70 milhões de metros quadrados, dos quais 23 milhões numa primeira fase, iniciada em outubro de 2010, e o restante na segunda fase, que seria implementada gradativamente a partir de 2012. 

A área de desapropriação está localizada ao lado dos 100 milhões de metros quadrados adquiridos pelo grupo EBX. Os dois primeiros empreendimentos a ocupar a área desapropriada pela Codin no Porto do Açu seriam o estaleiro OSX e a siderúrgica Ternium. A assessoria da Codin não enviou resposta até o fechamento desta edição.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

José Paulo Kupfer: Aposta no vento


Por José Paulo Kupfer

O estouro da imensa bolha produzida, nos últimos anos, pelo empresário Eike Batista, ainda não provocou todos os efeitos deletérios que tem potencial para produzir. Mas já está claro que as regulamentações e os controles, capazes de assegurar a indispensável transparência ao funcionamento do mercado financeiro, voltaram a falhar. Governo federal, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Agência Nacional de Petróleo (ANP), bancos públicos e privados estão devendo explicações melhores do que as apresentadas até agora para o acontecido.

Não há ainda um cálculo suficientemente abrangente das perdas impostas pelo desmonte do grupo EBX. Elas somam algumas dezenas de bilhões de reais e ainda devem disseminar mais prejuízos quando, ao fim do processo de reestruturação dos mirabolantes projetos do bilionário midiático, investidores ou credores de Eike Batista declararem suas perdas. Governo federal – melhor seria dizer contribuintes –, no caso de bancos públicos, e investidores, no caso das instituições financeiras privadas, ainda deverão ser apresentados a novos prejuízos.

Muito difícil entender por que reguladores e investidores não conseguiram detectar a formação da bolha antes do desastre completo. Infladas por uma quantidade anormal de comunicados de descobertas de óleo e gás, conforme deixa claro levantamento publicado pelo Estado, as ações da petroleira OGX, carro-chefe do grupo de empresas de mineração, infraestrutura e entretenimento montado em poucos anos por Eike Batista, protagonizaram trajetória completamente fora dos padrões. Lançados em 2008 a R$ 11,31, os papéis da OGX chegaram ao pico de R$ 23, em 2010. Hoje, com a constatação de que os poços da OGX continham vento ou não ofereciam valor comercial, as ações valem em torno de R$ 0,50.

Tão ou até mais do que a oscilação no valor do papel, impressiona a atração sem sustentação em resultados concretos exercida pela ação da OGX. Com rapidez também fora dos padrões, o papel da OGX alcançou índices de negociação inéditos para empresas novas. Depois de responder por 5% do Ibovespa, o principal índice da BM&FBovespa, no início deste mês de julho, já em pleno processo de queima do papel, a ação da OGX ainda representava sozinha por 1,5% do Ibovespa.

Chamaram a atenção, nos últimos dias, as enormes oscilações registradas nas cotações da OGX. Sempre entre os mais negociados, o papel chegou a marcar perdas de 20% num único pregão, seguido de altas de igual intensidade, nas sessões posteriores. Numa tradução desses acontecimentos, pode-se dizer que a ação ingressou em terreno claramente especulativo e a consequência do fato será um aumento do potencial de perdas com o papel da OGX.

Parece ser este o caso, por exemplo, dos muitos fundos de investimento que operam com carteiras que replicam a composição do Ibovespa. Por peculiaridades do índice, que leva em conta, a cada mês, apenas o volume negociado dos papéis, nos 12 meses anteriores, quanto mais especulativa for uma ação, maior tende a ser seu peso no Ibovespa. Assim, é possível que, em agosto, quando o índice for ajustado, o peso das ações da OGX aumente, obrigando esses fundos a aumentarem a participação do papel em seus portfolios.

Informações obtidas pelas repórteres Irany Tereza e Mariana Durão, do Estado, dão conta de que a CVM vai agora “analisar com lupa” todos os comunicados (“fatos relevantes”) publicados por Eike Batista, com especial atenção para os que divulgavam projeções e estimativas de achados de petróleo ou gás, bem como de viabilidade de exploração comercial dos poços inventariados.

É uma providência bem-vinda, que deveria ser acompanhada pela ANP. Ainda que, mais uma vez, a fiscalização prometa apertar depois que a porta foi arrombada, apostas no vento não podem prosperar como prosperaram as das empresas de Eike Batista.

Do Blog do Prof. Roberto Moraes: Impactos no Açu

Abaixo três matérias do site de notícias de São João da Barra, o SJB Online, duas de ontem e outra deste sábado, sobre a situação no Açu.

É como este blog já comentou por diversas vezes. O impacto socioambiental acontece na implantação, nas obras, ou com a sua interrupção, a ponto de parecer contraditório o questionamento que levaria à compreensão, de que o menor dos problemas seria o seu prosseguimento.

Assim também voltamos às hipóteses que já falávamos em 2006: ganham os que sempre ganharam e perdem os que sempre perderam:






FONTE: http://www.robertomoraes.com.br/2013/07/impactos-no-acu.html

sábado, 13 de julho de 2013

"Superporto de Eike" é campeão de devastação de Mata Atlântica

Por Daniel Santini

O Superporto do Açu, empreendimento apresentado como maior projeto de infraestrutura portuária do Brasil, foi o que provocou maior devastação de áreas da Mata Atlântica entre 2011 e 2012 em todo o país. Em sua fase final de instalação, a obra de custo estimado em pelo menos R$ 4 bilhões, levou a destruição de uma área de 937 hectares de restinga, colocando São João da Barra, no Rio de Janeiro, no topo da lista dos municípios que mais perderam vegetação de Mata Atlântica no período. Trata-se de um dos principais projetos do bilionário Eike Batista no país, um empreendimento da LLX Logística, empresa do grupo EBX. A relação de municípios que mais devastaram áreas de mata, restinga e mangue foi divulgada em junho e faz parte do Atlas dos Remanescentes Florestas (clique para baixar documento PDF). A estimativa foi feita com base em observação de satélites por meio de uma parceria o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a Fundação SOS Mata Atlântica.

Estrago ambiental é o maior do país. Foto: Divulgação/LLX

Na página do empreendimento, a empresa afirma que "atende rigorosamente a legislação ambiental" e lista iniciativas para compensar o impacto, incluindo a criação da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Caruara. O Data Cidades organizou os dados em um mapa em que é possível observar outras áreas com alto índice de devastação da Mata Atlântica no Brasil. Além do círculo vermelho gigante que marca a destruição relacionada ao empreendimento no Rio de Janeiro, chamam a atenção também pontos em outras regiões. 

No Piauí, estado pela primeira vez incluído no monitoramento regular organizado pelos técnicos, chamam atenção pontos espalhados que estão relacionados à presença de carvoarias, silvicultura e avanço da soja no Estado, de acordo com informações divulgadas na apresentação do estudo por Marcia Hirota, coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica. Também chamam atenção pontos de concentração em Sergipe, e no interior da Bahia, Minas Gerais e Paraná. Navegue no mapa abaixo clicando no botão para ver á área desmatada de 2011 para 2012 e a posição que o município fica no ranking do desmatamento de Mata Atlântica. Use o zoom para aproximar e clique aqui para ver o mapa em uma janela maior

Clique aqui para o ranking dos municípios com maior devastação da Mata Atlântica no período - arquivo em formato Excel e CSV.

FONTE: http://www.oeco.org.br/datacidades/27366-superporto-de-eike-e-campeao-de-devastacao-de-mata-atlantica

quinta-feira, 11 de julho de 2013

ESPECIAL-Riscos ambientais podem gerar problemas a porto de Eike Batista


Por Jeb Blount

SÃO JOÃO DA BARRA, Brasil, 10 Jul (Reuters) - À medida que o bilionário Eike Batista desmembra seu império industrial em desintegração para saldar suas dívidas, um dos ativos que ele espera manter é o projeto do porto da LLX Logística.

No entanto, levantar os 600 milhões de dólares a mais necessários para concluir o único projeto da LLX, o enorme Porto do Açu, estimado em 2 bilhões de dólares, no norte do Rio de Janeiro, poderá exigir esforços.

Com uma vez e meia o tamanho da ilha de Manhattan, Açu foi projetado para aliviar os atrasos causados ​​pelos congestionados portos do Brasil e para atender à crescente indústria de petróleo. Mas ele também é questionado por cientistas que alegam que sua construção está poluindo o ecossistema das áreas no entorno com sal.

Levantar dinheiro para qualquer projeto associado a Eike, um empreendedor em série que chegou a dizer que se tornaria o homem mais rico do mundo, não vai ser fácil. Desde 2010, os papéis das empresas do Grupo EBX perderam 50 bilhões de dólares em valor para seus acionistas. O Grupo EBX controla a LLX e outras cinco empresas de capital aberto, todos marcadas com um "X" por Eike para significar "a multiplicação de riqueza".

Embora existam fortes razões comerciais para investir em um porto gigante que aliviaria parte dos gargalos de transporte que afetam as exportações de commodities, das quais o Brasil é um dos líderes, alguns investidores podem não querer a exposição a uma empresa enfrentando possíveis responsabilidades ambientais e ações judiciais potencialmente custosas.

Eduardo Santos de Oliveira, um agressivo procurador da República, já abriu um processo contra o porto para determinar a responsabilidade civil por supostos danos ambientais. Oliveira, procurador em Campos dos Goytacazes, a maior cidade próxima do porto, já havia chamado a atenção global ao abrir a maior ação ambiental já vista no Brasil.

Naquele caso, ele pediu cerca de 40 bilhões de reais da petroleira Chevron e da operadora de sondas Transocean por um vazamento de petróleo em 2011. Embora as acusações criminais tenham sido rejeitadas em fevereiro, e a expectativa de que o processo civil seja uma pequena fração do pedido de Oliveira, o caso provocou calafrios em toda a indústria de petróleo brasileira.

"Eu não sou nenhum especialista em meio ambiente", disse Will Landers, que administra 6,5 bilhões de dólares em investimentos na América Latina para a Blackrock, maior gestora de recursos do mundo. "Mas o fato de você precisar ser um para investir neste tipo de projeto deve limitar significativamente o grupo de investidores que algum dia poderiam estar dispostos a se entreter dando dinheiro novo para qualquer empresa do Grupo EBX", disse Landers, nascido em São Paulo.

A extensão do dano ambiental é questão para um debate feroz. Funcionários da LLX e da OSX Brasil --a empresa de construção naval da EBX-- negam que um vazamento "temporário" de água salgada na área que cerca o porto, no final de 2012, causou danos ecológicos duradouros para a foz do rio Paraíba do Sul, uma das últimas grandes regiões costeiras intocadas no Sudeste do Brasil.

No entanto, os cientistas da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), em Campos dos Goytacazes, a 40 minutos de carro de Açu, dizem que há evidências crescentes de que a construção do porto ameaça um ecossistema sensível.

Embora os pesquisadores da Uenf sejam cautelosos ao dizer que não têm provas conclusivas de danos a longo prazo, eles afirmam que as áreas próximas a Açu, como banhados, pastagens, lagoas e campos, além de lavouras e rebanhos, enfrentam uma séria ameaça.

"Dados preliminares mostram que a salinidade poderia levar à contaminação permanente do solo", disse Carlos Rezende, professor de bio-geoquímica e ecologia na Uenf. "Nós também temos indícios de que o ecossistema em torno do Açu está sendo prejudicado."

A LLX e a OSX não disponibilizaram Eike ou outros altos executivos para comentar sobre o porto ou a questão da salinidade.

A Uenf, LLX, OSX e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), agência estatal de proteção ambiental do Rio de Janeiro, concordam em pelo menos um ponto: que a água no canal Quitingute, que recebe o escoamento do porto, tornou-se salobra, ou parcialmente salgada, no final de 2012, mostram documentos do processo judicial. A salinização começou depois que o maior navio de dragagem do mundo começou a dragagem de praias, dunas e mangues para a construção de 13 km de docas e canais para navios.

O sal veio com os resíduos da dragagem misturados com a água do mar. Depositados em um depósito para secar, o solo arenoso então espalhou-se para as planícies no entorno, elevando o nível do solo em até 5 metros acima das áreas alagadiças, disse o diretor de Construção Naval da OSX, Ivo Dworschak, durante uma visita em março.

"Com base nas declarações apresentadas pelo Inea, LLX e OSX é indiscutível que houve um aumento da salinidade do canal Quitingute como resultado deste trabalho (de dragagem)", escreveu o juiz federal Vinícius Vieira Indarte em 15 de fevereiro em decisão judicial.

A decisão sobre a ação inicial do promotor Oliveira considerou que o tribunal tinha motivos para se pronunciar sobre o caso e que o Ministério Público tinha motivos para investigar a potencial responsabilidade civil por salinização. O juiz, porém, negou o pedido de Oliveira para parar os trabalhos no porto.

O terminal de minério de ferro do porto, da mineradora Anglo American e o estaleiro da OSX, deveriam estar abertos no momento. A maioria dos projetos da LLX estão com meses ou anos de atraso. Algumas empresas que haviam planejado construir instalações dentro do complexo, como a chinesa Wuhan Iron and Steel , se retiraram.

A OSX, inicialmente vista como a maior arrendatária da LLX, provavelmente vai ser reestruturada como parte dos esforços de Eike para reduzir o Grupo EBX e saldar as dívidas, vendendo embarcações de sua empresa de leasing e fechando o estaleiro antes de ter construído um único navio, disse à Reuters uma fonte com conhecimento sobre os planos de Eike. A EBX se recusou a comentar sobre os planos de restruturação.

O SAL É "PARA SEMPRE"

O vazamento foi grave o suficiente para o Inea, em 1º de fevereiro, cobrar da OSX mais de 3,3 milhões de reais em multas. O Inea disse que os níveis de sal no Canal Quitingute estavam quatro vezes superiores aos daqueles em água doce. Agora o nível já voltou ao normal, disse o Inea em um e-mail.

O Inea ordenou uma compensação para os agricultores, deu crédito à Uenf por alertar para o problema e prometeu um estudo conjunto Inea-Uenf. O Inea não explicou por que multou a OSX e não a LLX. A OSX está recorrendo da multa.

O estudo conjunto, no entanto, nunca foi feito, os agricultores não foram compensados e os níveis de sal não estão normais no canal, afirma o grupo de Rezende, da Uenf.

Em 29 de janeiro, Marina Satika Suzuki, colega de Rezende e pesquisadora de ecossistemas aquáticos, registrou níveis de sal cerca de 16 vezes maiores que o apontado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) como seguro para irrigação. Níveis acima do limite podem danificar permanentemente o solo.

Em 14 de maio, os níveis ainda eram cerca de seis vezes superiores.

"O que o acúmulo permanente de sal quer dizer?", questionou Suzuki. "Você já ouviu falar de Cartago? Os romanos salgaram a terra e destruíram a agricultura. Se os níveis de sal forem elevados o suficiente, basicamente você pode arruinar o solo para sempre."

Embora a salinidade pareça estar caindo na superfície da água --o que pode ser parcialmente explicado por uma redução gradual da dragagem nos últimos meses-- o solo e as plantas ainda estão sendo expostos a níveis perigosos de sal, disse ela. A pesquisadora não tem dados sobre a água subterrânea, e parte desta poluição pode ter migrado para a terra, espalhando-se ainda mais, disse.

O trabalho de Uenf não está livre de críticas. A empresa estatal de água Cedae contestou o estudo sobre os níveis de sal insalubres em poços artesianos utilizados para água potável da Uenf, dizendo que eles eram muito profundos para serem contaminados pelo trabalho em Açu.

A Universidade Federal Rural do Estado do Rio de Janeiro disse que seus testes mostraram que a água em torno de Açu é segura para a irrigação após os picos iniciais, mas esses testes não são tão recentes quanto os da Uenf.

REBANHOS DOENTES, ABACAXIS MORTOS

O canal Quitingute atravessa a terra de Durval Ribeiro Alvarengo, 59, um homem alto e magro, fazendeiro e criador de gado.

Alvarengo disse à Reuters que no final do ano passado percebeu que seu gado leiteiro teve diarréia e que a pastagem estava morrendo. Como a produção de leite caiu, ele teve de abater a maior parte do rebanho.

A perda de 150 mil pés de abacaxi custaram 300 mil reais, disse ele. Muitos peixes, pássaros e outros pequenos animais selvagens também desapareceram da área, acrescentou.

Sua história se repete em fazendas próximas.

"Você pode ver como as minhas plantações foram arruinadas com seus próprios olhos", disse o vizinho de Alvarengo, José Roberto de Almeida, de 51 anos, enquanto arrancava plantas secas e quebradiças do solo.

O diretor do Centro de Pesquisas de Água Subterrânea da Universidade de São Paulo, Ricardo Hirata, está realizando dois estudos para a LLX sobre o impacto da dragagem.

Um examina maneiras de controlar o impacto de futuras dragagens. O segundo é uma avaliação do impacto dos depósitos originais para evitar a repetição do problema da poluição com sal do final de 2012.

Hirata sugere que a empresa aprendeu com sua experiência no Açu. "A área é muito sensível e há muitas ligações entre a água superficial e a subterrânea", disse ele. "Estamos aprendendo muito. A coisa boa é que eles estão melhor preparados do que no passado."

Ele se recusou a compartilhar todos os dados, citando um acordo de confidencialidade com a LLX.

"Eu acho que você pode entender o quão sensível é isso", disse ele. "A empresa tem estado sob muita pressão."

Muita coisa pode depender da ação iniciada por Oliveira. Mesmo se ele perder --e os tribunais muitas vezes têm rejeitado suas reivindicações--, o fato de os promotores brasileiros serem quase totalmente independentes, juntamente com um sistema legal que incentiva vários recursos, pode estender os processos por uma década.

Um alto funcionário do escritório da Procuradoria disse que espera as audiências públicas para o final de agosto. O funcionário não quis se identificar.

"Eike precisa ser muito cuidadoso; brasileiros gostam de te chutar quando você está em baixa", disse o presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários, Wilen Manteli. "Um problema ambiental, ainda que infundado, pode ser um para-raios para uma série de ataques. Seria uma pena se esse porto não fosse construído."

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Do Blog do Prof. Pedlowski: O oráculo do prefeito Neco falhou: 60 dias depois a situação não se normalizou no Porto do Açu



Em 10 de Maio de 2013, Neco, o prefeito de São João da Barra, profetizou após uma visita ao Porto do Açu, onde foi prestar "solidariedade" ao Grupo EBX que em 60 dias a coisa teria voltado ao normal (Aqui!).

Pois bem, passado o tempo previsto pelo prefeito de São João da Barra, Eike Batista ficou vários bilhões mais pobres, arrastou centenas de pequenos investidores para a rua da miséria, e ainda compromete a saúde financeira das empresas que acreditaram na miragem do Complexo Industrial do Superporto do Açu.

Mas se desgraça pouca não fosse bobagem, a Companhia de Desenvolvimento Industrial (CODIN) continua tentando desapropriar mais terras, retirando ainda mais agricultores familiares das terras onde produzem alimentos há várias gerações.

Ai que eu pergunto: qual será a nova data de normalização que, porventura, o excelentíssimo prefeito de São João da Barra vai nos oferecer? E mais, quando é que a mesma solidariedade apresentada ao Grupo EBX será dada às famílias que sofrem desamparadas no V Distrito de São João da Barra?

Do blog do Prof. Roberto Moraes: Empresa que desistiu do Açu fecha contrato com a Petrobras e construirá embarcações na Holanda

A NOV e a Technip independente (até aqui) dos problemas com a construção do estaleiro (UCN) da OSX no Açu estão concluindo suas instalações junto ao TX-2 no Açu. A Subsea 7, conhecida empresa do setor de apoio offshore que desistiu de se instalar no Açu, rescindindo um contrato com a LLX de arrendamento de área na entrada do canal TX-2, fechou ontem novo contrato com a Petrobrás no valor de US$ 1,6 bilhão para a construção e operação de três novas embarcações de apoio, do tipo PLSV.

Este novo contrato de cinco anos envolve o gerenciamento do projeto, a engenharia e instalação de linhas de produção, umbilicais e equipamentos fornecidos pela estatal brasileira. As informações são de que estas embarcações são similares a outras já fornecidas pela Subsea 7. 

Ao invés de serem construídas no Brasil serão feitas na Holanda. A previsão de entrega é a partir do terceiro trimestre de 2016, com a última unidade entregue no segundo trimestre de 2017. O custo total das três unidades é estimado em US$ 950 milhões, com o restante do contrato destinado a serviços.

PS.: Atualizado às 11:58: Abaixo imagens do canal TX-2 mostrando onde estão sendo instaladas as empresas de apoio offshore NOV e Technip e onde estava previsto a localização da Subsea 7 que desistiu da instalação no Açu.


Canal do TX-2 com identificação da localização da NOV e Technip

Entrada do canal do Terminal TX-2 mostrando área que foi reservada para 
a implantação da empresa Subsea 7 que desfez contrato com a LLX/OSX 

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Do blog do Prof. Roberto Moraes: "Em quase três anos só 6% da área que será desapropriada foi ocupada no Porto do Açu"

Este é o subtítulo da matéria do Valor Online: "LLX tem dificuldades para atrair parceiros".

Ela mostra claramente aquilo que o blog havia exposto aqui no dia 3 de junho de 2013 sobre a pressão para novas desapropriações na região do Açu, com objetivos de facilitar as negociações para o grupo EBX repassar também o porto da LLX para outros acionistas.

A matéria também faz referência às diferenças e absurda desproporcionalidade entre valores pagos pelas desapropriações aos pequenos proprietários e a renda obtida pela empresa LLX com aluguel destas mesmas áreas. (veja postagem aqui no blog em 4 de junho de 2012 e outra aqui em 8 de abril de 2013)

A reportagem fala ainda no valor de R$ 74 milhões pagos aos proprietários (incluindo valores em juízo) pelas 267 áreas desapropriadas até agora, que somam 31,3 milhões de m². Pela primeira vez, Júlio Bueno, secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado do Rio fala que até o fim do processo, a Codin terá pago R$ 125 milhões pelos 70 milhões de metros quadrados. Da primeira fase do processo de desapropriação, concluída em setembro de 2011 com a desapropriação de 23 milhões de m², 60% das áreas pertencem hoje à Ternium e o restante à LLX. 

Estes dados até aqui escondidos evidenciam os motivos dos questionamentos da participação do Estado num negócio até aqui pouco esclarecido. Qual é o documento (contrato, convênio ou PPP) e onde foi publicado o ato oficial que permite esta cessão de área desapropriada pelo estado aos empreendimentos do grupo EBX?.


Veja abaixo a matéria do Valor na íntegra e se inteire de questões importantes que é tão importante antes que as perspectivas do empreendimento eram eufóricas a agora que o quadro é de ceticismo:


LLX tem dificuldades para atrair parceiros

Por Marta Nogueira | Do Rio

A demora da LLX - empresa de logística do grupo EBX, de Eike Batista - para atrair investidores para a retroárea do Porto do Açu, em construção pela empresa no norte do Rio, levou a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado a reduzir o ritmo de desapropriações de terras, em curso desde outubro de 2010.

Apenas 6% de um total de 70 milhões de metros quadrados, que foram alvos de decretos de desapropriação em 2008 e 2009 para a instalação do Complexo industrial do Porto do Açu, foram de fato ocupados por empresas. O complexo tem ao todo 90 milhões de metros quadrados, incluindo o porto.

As terras já desapropriadas e ocupadas, que somam 4,16 milhões de metros quadrados, foram compradas pela LLX pelo valor estipulado por decreto, e arrendadas para sete companhias. Entre elas estão NOV, Technip e Intermoor, que entram em operação neste ano. Juntas, as sete mais a MPX - que aluga um terreno que não foi desapropriado - geram para a LLX, de aluguel, receita superior a R$ 80 milhões por ano. Outras empresas que pagam aluguel são: Wärtsilä, V&M, GE e OSX.

As desapropriações foram alvo de muita polêmica em sua fase de maior avanço. Proprietários e ex-proprietários questionaram a obrigação de deixar as terras e afirmaram terem sido coagidos por funcionários de empresas, seguranças contratados e pela própria polícia local, o que foi negado pelas companhias.

Os movimentos regionais contra a instalação do complexo no Açu ganharam maior destaque em janeiro do ano passado, quando parte de terrenos já desapropriados chegou a ser invadida e ocupada por antigos moradores e manifestantes.

João Batista, diretor da Associação dos Produtores Rurais e Imóveis (Asprim) do Açu, disse ao Valor que os proprietários foram obrigados a vender as terras pelo preço de uma área rural, quando já havia sido transformada em uma área industrial. "As terras foram compradas da população e vendidas a grandes empresas a preço de banana", frisou Batista.

A Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado (Codin) pagou R$ 74 milhões aos proprietários, incluindo valores em juízo, pelas 267 áreas desapropriadas até agora, que somam 31,3 milhões de m2. "A gente desapropriou muita coisa e agora deu um tempo esperando que mais empresas cheguem", disse, ao Valor, Júlio Bueno, secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado do Rio. Até o fim do processo, a Codin terá pago R$ 125 milhões pelos 70 milhões de metros quadrados.

Embora a desapropriação seja conduzida pela Codin, a LLX e a siderúrgica Ternium participaram de parte do processo. A explicação é que, em muitos casos, a documentação dos proprietários era muito frágil e, para que eles não demorassem a sair do local e receber o valor pela terra, as empresas puderam entrar em contato com cada um e oferecer pagamento antecipado à liberação do valor, que foi depositado pela Codin em juízo.

Os recursos da Codin só são liberados depois que todos os documentos relativos à posse da terra são regularizados. Assim, as empresas passam a ser donas das terras e só recebem de volta o valor pago quando a documentação de posse é regularizada e o depósito da Codin liberado.

Da primeira fase do processo de desapropriação, concluída em setembro de 2011 com a desapropriação de 23 milhões de m2, 60% das áreas pertencem hoje à Ternium e o restante à LLX. Procurada pelo Valor, a Ternium não confirmou se seu interesse em se instalar no Açu está mantido e também não explicou sobre seus planos para o terreno. "A Ternium não tem novidades e não está comentando o assunto", afirmou, em nota.

Para Bueno, "o Porto do Açu já deu certo", com o interesse de muitas empresas. Ele vê com "tranquilidade e normalidade" a demora para a instalação de novos investidores. "Qualquer projeto de infraestrutura tem que ter uma duração longa". A LLX diz ter mais de 60 memorandos de entendimentos com empresas interessadas em se instalar.

Bueno disse que a secretaria espera grande investimento de empresas no momento em que o mineroduto - que vai ligar a mina e unidade de beneficiamento de minério de ferro da Anglo Ferrous Brazil, em Minas Gerais, ao Porto do Açu - ficar pronto.

Segundo Bueno, a construção do mineroduto, que já tem 80% da construção concluída, irá estimular a instalação de pelotizadoras no local. "Se não for a Ternium, vai ser outro grupo", disse Bueno. "É muito óbvio que você tem que exportar é pelota, e não minério", afirmou o secretário.

Questionado sobre a atual crise de confiança do mercado em relação aos ativos do grupo EBX, Bueno afirmou que está atento à questão do distrito industrial, que faz parte do atual planejamento do Estado, para a criação do 11º Distrito Industrial da Codin. Segundo ele, independente da atuação das empresas "X", o Estado sempre trabalha empenhado na atração de investimentos.

"Evidente que o Estado está olhando a questão do distrito industrial, da desapropriação, ninguém aqui pode ser, como eu costumo brincar, o pianista do Titanic. O navio está naufragando e o pianista estava lá tocando. Não vamos fazer isso, a gente vai integrar sempre o contexto, a atmosfera, estamos fazendo isso", afirmou Júlio Bueno.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Absurdo total! Idosa tem casa demolida pela Codin na Praia do Açu

Carlos Emir
Ermezilha com a escritura de compra e venda do imóvel

Ermezilha Pedrosa Rangel, 71 anos, procurou a Redação de O Diário para denunciar que está sendo vítima da "falta de respeito da Codin". A casa de Praia no Açu, em São João da Barra (SJB), construída pelo marido dela (já falecido) foi desapropriada e demolida pela Codin sem que o casal tivesse recebido qualquer aviso prévio. Apesar de mais de um ano da demolição, Ermezilha ainda não recebeu a indenização compatível com o valor do imóvel.

De acordo com a idosa, com muito sacrifício, o marido comprou um terreno no Açu, pagando as prestações nas décadas de 80 e 90. Entre 2005 e 2010 realizaram a conclusão da casa para a moradia, após a aposentadoria. Sem conter o choro, Ermezilha revelou que em meados de 2012, saiu de Campos com o marido para passar um final de semana na residência da praia, mas chegando ao local, o imóvel tinha sido demolido. "Meu marido, apesar de sadio e trabalhador, já era idoso e muito emotivo. Ele não aceitava a perda da casa como aconteceu e não suportou a angústia pela falta de respeito com a gente. Desde o dia em que passou mal ao se deparar com aquela cena revoltante, a nossa casa transformada num monte de entulhos sem nenhum aviso, o Moacyr (Leal Rangel), a partir daí, desenvolveu doença asmática de fundo emocional, teve complicações devido à constante falta de ar e desmaios. Numa das crises o quadro se agravou e veio a falecer em julho do ano passado, no hospital". 

Ermezilha conta que, após descobrir que a casa havia sido desapropriada pela Codin, iniciou uma verdadeira "via-crúcis" para receber a indenização pela área, com mais de 550 metros quadrados. "O máximo que consegui na Codin, em acordo com a OSX, foi uma oferta de R$ 19 mil na intermediação feita pelo Núcleo da Defensoria Pública, em SJB", informou.

A idosa reclama que, depois da morte do marido, tentou um acordo, mas nada foi resolvido. "Através da Defensoria Pública busquei resolver a situação com uma permuta. Sei que com R$ 19 mil não compro nem a metade de um terreno do tamanho do nosso, então sugeri ganhar uma casa com quarto, cozinha e banheiro, podendo até ser em terreno menor, numa região de praia em SJB, nos mesmos moldes do acordo com os produtores rurais que permutaram suas chácaras por áreas no Assentamento da Fazenda Palacete. Mas, a Codin e a Defensoria argumentam que não fazem permuta", finalizou Ermezilha.

Posicionamento nesta quinta

Por volta das 18h, a equipe de reportagem do Jornal O Diário entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Codin. No entanto, devido ao adiantado da hora, informou que os escritórios da empresa em SJB e também na cidade do Rio de Janeiro já se encontravam fechados, o que impossibilitou a localização dos documentos referentes ao caso de Dona Ermezilha. A Assessoria, porém, garantiu que nesta quinta-feira se posicionaria sobre os questionamentos da idosa.


FONTE: http://www.odiariodecampos.com.br/idosa-tem-casa-demolida-pela-codin-na-praia-do-acu-2044.html

Grupo X é ‘muito grande para ser salvo’, diz analista


por Thais Herédia |


O emaranhado de “xizes” do império de Eike Batista sempre foi complexo. Criando empresas de vários setores – todas com um X no meio – o mineiro (e não carioca) que sonhava ser o homem mais rico do mundo acabou se perdendo no próprio labirinto. E está levando com ele uma horda de investidores nacionais, estrangeiros, bancos, empresas parceiras e sabe-se lá quem mais.

Analistas e especialistas no mundo todo se desdobram para entender onde tudo começou e, principalmente, onde tudo vai parar. O tamanho da conta só Eike Batista conhece. Na complexidade das operações do grupo, ficou quase impossível descobrir quanto ele deve para quem. Seria importante saber disso para entender qual a extensão do risco de falência que as empresas podem causar.

Um grande banco de investimentos estrangeiro soltou um relatório indicando que cinco bancos brasileiros têm a maior exposição ao “risco-X” – BNDES, Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco e BTG Pactual. Ninguém negou ou confirmou esses cálculos.

O grupo de Eike é muito grande para quebrar?

“Eu já me perguntei isso. Hoje eu penso que ele é muito grande para ser salvo”, disse ao G1 um analista de mercado de ações no Brasil, bastante ativo no estabelecimento de padrões de governança corporativa nas empresas nacionais.

“Claro que há o prejuízo dos investidores. Mas esse risco faz parte do mercado de ações. Mas há um grande prejuízo à imagem de empreendedorismo no Brasil. O Eike quebrou pelos próprios erros e pelo risco natural do processo. Um dos erros, que considero o número 1 da governança corporativa, é se cercar de pessoas que não discordam de você”, disse o analista.

Eike Batista ficou sim conhecido como empreendedor mas também por suas excentricidades. Quem já foi visitá-lo em seu escritório no Rio de Janeiro conta que as reuniões sempre tinham mais um participante – Eric, o pastor alemão do empresário que, segundo as más línguas, só “fala” alemão. Deve ser um tanto intimidador discordar de qualquer coisa com um cão de guarda desses por perto.

Esquisitices à parte, há muita gente distante do mundo empresarial, mas que resolveu se arriscar e investir na bolsa de valores. Comprar ações sempre embute risco, mas há mecanismos para acompanhar a evolução dos negócios. No caso do grupo de Eike Batista, como em tudo que o envolve, esse quadro é bem mais complexo.

“Tem acionista minoritário em todas as instâncias dos negócios. Nas empresas de capital aberto (com ações em bolsa) ou não. Todas têm minoritários e na holding comandada pelo Eike também. Comprar uma ação com preço lá em cima e perder o dinheiro porque o projeto não deu certo, é inerente ao mercado. Ele vendeu resultados futuros possíveis dando como garantia as próprias ações das empresas. Quando viram que os resultados futuros não vieram e nem virão, começou a enxurrada de venda das ações”, avalia um grande operador de ações do mercado financeiro.

Há mais perdedores nesse processo. Ao encerrar seus negócios, todos ou a maioria deles, Eike Batista interrompe investimentos em áreas fundamentais ao país – como energia e petróleo. Num momento em que o humor com o Brasil não anda bem, essa dose a mais de desconfiança também vai mandar sua conta.