domingo, 30 de junho de 2013

Do Blog do Prof. Pedlowski: Uma estranha variação nos preços pagos aos desapropriados do Porto do Açu



Uma das questões controversas que cerca o processo de desapropriação de terras no V Distrito de São João da Barra é o preço que foi pago pela CODIN ou pela LL(X) pelas propriedades. Parte do mistério envolvendo esse processo acaba de ser parcialmente resolvido pela dissertação que Felipe Medeiros Alvarenga acaba de defender no  Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais da UENF, sob minha orientação.

Vejamos os dados levantados para oito propriedades que são mostrados na tabela abaixo:

Tamanho (ha)
Valor total recebido (R$)
Valor / m² (R$)
2,0
45.000,00
2,25
2,0
57.000,00
2,85
2,0
65.000,00
3,25
9,6
80.000,00
0,83
9,6
105.000,00
1,09
12,2
150.000,00
1,23
2,4
196.000,00
8,10
2,4
200.000,00
8,30



Uma coisa que salta aos olhos é a grande variação no valor pago pelo metro quadrado. Essa variação pode estar relacionada a vários fatores, incluindo localização, intensidade de uso, benfeitorias e o nível de resistência ao processo de desapropriação. Como ficou também demonstrado na pesquisa de campo, aqueles que resistiram acabaram recebendo indenizações mais altas. Além disso, o tempo médio declarado para recebimento das indenizações foi de seis meses. 

Este padrão de demora talvez explique o fato de que, entre os habitantes da Vila da Terra que declararam ter chegado no local menos de uma semana antes da realização da pesquisa, nenhum deles declarou recebido as indenizações devidas, indicando que se mudaram para ali antes do pagamento das indenizações. Nesse sentido, esses resultados da pesquisa demostram que a legislação vigente não está sendo devidamente cumprida, e, mesmo quando o cumprimento ocorre, isto se dá fora dos padrões determinados por lei.

Em nível de comparação em relação à questão do processo de valorização da terra após a desapropriação, dados disponibilizados pelo Prof. Roberto Moraes no seu blog pessoal (Aqui!), indicam que o Grupo EBX informou ter firmado contratos de aluguel com várias empresas (e.g., Intermmor em uma área 52,3 mil m²; a NKT Flexibles, numa área de 121 mil m², e a Technip, em área de 289 mil m²), onde o valor mensal do m² alugado alcançou R$ 6,00, o que permitiria à LL(X) obter uma renda de mais de R$ 5 bilhões ao final de um período de 10 anos. Já o valor médio pago aos agricultores variou entre R$ 0,83 e R$ 8,30, com um valor médio de R$ 3,50.

Se os valores encontrados pelo Prof. Roberto Moraes estiverem corretos fica evidente que o valor pago à maioria dos agricultores desapropriados implica num ganho financeiro que não possui relação direta com as razões declaradas pelo governo do estado do Rio de Janeiro para realizar o processo de desapropriação. Essa situação coloca em questão se não está em curso um processo especulativo vinculado à renda da terra mais que ao interesse de desenvolvimento econômico propriamente dito. 

Finalmente, a grande questão que se coloca neste momento é: por que ainda a CODIN ainda continua desapropriando terras no V Distrito, mesmo em face da derrocada do Grupo EB(X)?

sábado, 29 de junho de 2013

Do Blog do Prof. Roberto Moraes: Requerimento à Alerj para Comissão Especial para acompanhar real e atual situação da implantação do Porto do Açu


O deputado estadual Roberto Henriques apresentou à presidência da Alerj o Requerimento Nº 265/2013 para a criação de uma Comissão Especial para Acompanhar a real situação dos investimentos no Complexo Logístico Portuário do Açu e a situação dos trabalhadores e colaboradores envolvidos no empreendimento. O requerimento foi publicado ontem, no Diário Oficial do Poder Legislativo. Fluminense.

Além dos trabalhadores, há que se ouvir os pequenos proprietários ruais atingidos pelas desapropriações e também os pequenos comerciantes da região que sofrem por conta de créditos não recebidos junto à diversas empresas que atuam (ou atuavam) nas obras de implantação do Complexo do Açu. Dirigentes da empresas privadas e também gestores de empresas e órgãos públicos como a Codin, o Inea devem também ser ouvidas.

É sempre oportuno abrir uma janela para o diálogo com a sociedade. O governo estadual foi displicente e não cumpriu todas as obrigações que cabia num empreendimento, cujo projeto extrapolava a área de um município, com ameaças, embora também com oportunidades. Um Plano de Ordenamento Territorial (POT) elaborado de forma participativa, foi deixado de lado, assim como diversas outras necessidades.

Mesmo que seja tarde, ainda há espaço para envolver a comunidade neste processo.

Abaixo a publicação do requerimento da Comissão Especial feita à Alerj com a participação de sete deputados, além do requerente: Robson Leite; Jânio Mendes; Dionísio Lins; Comte. Bittencourt; Aspásia Camargo; Inês Pandeló e Gilberto Palmares.


Fitch corta rating do Porto do Açu, de Eike

Por Natalia Viri | Valor



SÃO PAULO - A Fitch cortou hoje a nota de crédito da primeira emissão de debêntures do Porto de Açu de ‘BBB+’ para ‘B-’. Com isso, o projeto, encabeçado pela LLX, de Eike Batista, fica a um degrau do nível considerado como “com alta probabilidade de inadimplência”, segundo escala da agência de classificação de risco.

A perspectiva para os ratings do Açu é negativa, o que indica que a Fitch vê uma possibilidade de realizar novos rebaixamentos no médio prazo.

“A ação de rating reflete a incerteza sobre a capacidade dos patrocinadores do projeto, LLX Logística e Centennial, ambas pertencentes ao grupo EBX e majoritariamente controladas pelo presidente do grupo, Eike Batista, de prestar suporte financeiro ao grupo”, afirmam os analistas da agência, em nota.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Do Blog do Prof. Roberto Moraes: Novas e recentes imagens de satélite do Google Earth mostram obras e detalhes do Complexo do Açu

Os leitores-colaboradores sempre atentos informaram e o blogueiro já conferiu que as imagens do satélites mais recentes do Google Earth, mostram em detalhes a realidade das obras do Complexo do Açu, permitindo uma visão mais completa da situação. Abaixo disponibilizamos alguma delas.

Os mais interessados podem conferir os aterros hidráulicos, os dois terminais e as obras dos galpões. Ao aproximar ou distanciar você pode ver detalhes e também ter uma visão do todo, bem real. Confiram:





Valor de mercado das empresas de Eike cai mais de R$ 100 bi, diz jornal

Do UOL, em São Paulo

O valor de mercado das empresas do bilionário Eike Batista teve uma queda de 109 bilhões, do melhor momento das empresas na Bolsa de Valores até a cotação do fechamento desta quinta-feira (27). O levantamento foi feito pelo "Valor Econômico".


As seis empresas do bilionário listadas em Bolsa (OGX, MMX, MPX, OSX, LLX e CCX) enfrentam uma séria crise no mercado, com o receio de investidores. As ações das empresas têm grandes oscilações cada vez que um novo boato ganha repercussão.


O empresário Eike Batista listou seis empresas de sua holding EBX na Bolsa brasileira entre 2006 e 2010.


De acordo com o "Valor", a soma dos valores máximos que cada uma das empresas do grupo EBX atingiu na Bolsa chegou a R$ 119 bilhões. Ontem, a soma de todas as ações das empresas "X" valia menos de 10% disso, ou cerca de R$ 10 bilhões.



Do Maracanã ao Rock in Rio, conheça os muitos negócios de Eike


Eike pode perder controle de grupo de empresas

Com o império em crise, o bilionário Eike Batista pode perder o controle do grupo EBX. Em uma reportagem especial sobre as perdas das empresas do brasileiro nos últimos meses, o jornal norte-americano "The New York Times" afirma que, com o aumento das dívidas do grupo, os principais credores (grandes bancos) "poderiam levá-lo a uma reestruturação que poderia lhe custar o controle das companhias".

Ainda de acordo com o "NYT", as dificuldades do bilionário refletem o momento atual da economia brasileira, com a reversão de expectativas dos investidores internacionais. (Clique aqui e leia o texto na íntegra)
Mais rico do mundo

Em maio de 2011, com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões, o brasileiro disse que se tornaria o mais rico do mundo até 2015 -mas o sonho tem ficado cada vez mais distante.

De lá para cá, suas empresas deixaram de cumprir cronogramas e de atingir metas, as ações das empresas do grupo EBX vêm perdendo valor na Bolsa e, consequentemente, a fortuna de Eike vem encolhendo.

FONTE: http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/06/28/valor-de-mercado-das-empresas-de-eike-cai-mais-de-r-100-bilhoes.htm

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Como as dívidas levaram Eike Batista à beira do precipício


ANÁLISE-Como as dívidas levaram Eike Batista à beira do precipício

Por Jeb Blount

SÃO JOÃO DA BARRA, 25 Jun (Reuters) - À medida que o império industrial de Eike Batista desmorona, sua situação cada vez mais se parece com a construção do Porto de Açu, um dos empreendimentos mais visíveis do empresário e que se assemelha a um monte de areia no meio de um pântano.

Para construir o terminal, estaleiro e parque industrial de petróleo e minério de ferro de 2 bilhões de dólares, localizado a 300 km do Rio de Janeiro, o maior navio de dragagem do mundo atravessou a praia e escavou 13 quilômetros de docas entre dunas e restinga. E para manter os usuários do porto secos, a areia está sendo usada em aterros de até cinco metros acima das planícies inundadas do entorno.

O complexo, uma vez e meia do tamanho de Manhattan, tem um outro cais, de 3 km, que pode receber meia dúzia dos maiores petroleiros e cargueiros do mundo ao mesmo tempo.

No entanto, apesar de todo esse trabalho e de um país desesperado por portos e outras infraestruturas pesadas, os investidores consideram quase sem valor as três empresas do grupo EBX com participações em Açu.

Todas as seis empresas do grupo EBX, com exceção de uma, perderam mais de 90 por cento de seu valor desde que atingiram suas máximas, e as ações da OGX Petróleo e Gás, principal empresa do grupo, estão sendo negociadas a níveis que sugerem que um calote é iminente.

Eike, que foi o mais bem sucedido empresário do Brasil durante a década do boom das commodities, tem sido obrigado a ver uma das maiores fortunas do mundo desaparecer. No ano passado, quando a revista Forbes classificou sua fortuna como a sétima maior do mundo, Eike se vangloriou e disse que se tornaria o homem mais rico do mundo.

O Brasil, que durante o boom cresceu em seu ritmo mais rápido em três décadas, estagnou. Conversas sobre um "milagre brasileiro" foram substituídas por protestos contra a corrupção. A fortuna pessoal de Eike encolheu em mais de 20 bilhões de dólares e isso lhe custou o título de homem mais rico do Brasil.

"A situação de Eike é incrível, no sentido verdadeiro da palavra", disse Chris Kettenmann, analista de petróleo e gás da Prime Executions, uma corretora de ações de Nova York. "É espectacular ver o quanto de valor foi corroído."

Os empreendimentos da EBX em petróleo, construção naval, energia e transporte podem sobreviver em uma versão reduzida. Eike, porém, provavelmente não será o controlador, sendo obrigado a vender sua parte para pagar dívida.

Batista tenta vender ativos de sua companhia de carvão, a CCX, de ouro, a AUX, além de participação na produtora de minério de ferro MMX, disse à Reuters nesta terça-feira uma fonte ligada ao Grupo EBX, em meio à limitação de caixa para executar projetos que requerem grandes cifras.

A EBX recusou pedidos para entrevistar Eike e outros executivos do grupo.

SINERGIAS SE TORNAM PASSIVOS

No ano passado, a "sinergia" e as ligações financeiras entre as empresas do grupo EBX, que ajudaram Eike a vender cerca de 7 bilhões de dólares em ações para investidores minoritários desde 2006, tornaram-se passivos.

Em junho de 2012, a petrolífera OGX revelou que a produção de seu primeiro campo foi menor do que esperado, aumentando as preocupações de que o estaleiro da OSX Brasil SA receberia menos pedidos da OGX, seu principal cliente.

Como a OSX é âncora de Açu, detido pela LLX Logistica SA, do grupo EBX, as ações da LLX também caíram.

E os dominós continuam caindo, graças em parte aos níveis elevados do endividamento das empresas do grupo EBX, e à falta de transparência nos negócios com a holding pessoal de Batista, a Centennial Investments.

Ao mesmo tempo que Eike propôs comprar mais ações da OGX e da OSX para acalmar os investidores minoritários, ele também trouxe ajudas externas.


Em março de 2012, Batista vendeu 5,63 por cento da Centennial à Mubadala Development Corp , um fundo soberano de Abu Dhabi, por 2 bilhões de dólares.


O que Eike não disse que na época foi que ele concordou em se desfazer de uma participação indeterminada da EBX em favor da Mubadala, caso o investimento na Centennial não proporcionasse um retorno anual de 5 por cento, de acordo com uma reportagem da Bloomberg News de dezembro.

Desde então, aumentaram as especulações de que Eike está lutando para cumprir os termos de Mubadala, bem como os de seus próprios banqueiros.

A Centennial também vendeu 0,8 por cento de participações para a General Electric em maio de 2012. A Mubadala detém uma participação de GE.

DÚVIDAS SOBRE AS DÍVIDAS

Diante de tal dúvida, nem mesmo a injeção de mais de 1 bilhão de dólares em capital de resgate da petrolífera malaia Petronas em maio, e em março da alemã E.ON, além do apoio do banco de investimentos BTG Pactual SA, do bilionário André Esteves, conseguiram deter a queda da EBX.

A dívida de Eike, ou "alavancagem", é alta, disse Frank Holmes, executivo-chefe da US Global Investors de San Antonio, Texas, que conhece Eike desde o final da década de 1980.

No final de março, a dívida de longo prazo das empresas OGX, MPX, OSX e LLX, que detém Açu, estavam em mais do triplo dos níveis médios de endividamento de empresas similares, e representavam de um terço a um quinto do capital total de cada empresa. Tais níveis implicam grande risco.

Sem fluxo de caixa positivo ou lucro, pagar a dívida exige que as empresas do grupo EBX gastem um dinheiro que seria melhor utilizado para concluir projetos e aumentar receita.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Fundo da Marinha Mercante do Brasil emprestaram ou ofereceram empréstimos à EBX. Eles podem intervir para proteger seu investimento, mas o fluxo de caixa prometido para o pagamento de dívidas está sendo atrasado pela burocracia brasileira e as próprias falhas de gestão de Eike.

"O cara alavancou tudo, e os banqueiros como todas as outras pessoas acreditaram na visão dele. É fácil fazer isso", disse Holmes.

Agora aqueles crentes já não têm tanta certeza.

Desde março, os títulos com vencimento em 2018 e 2022 têm constantemente se desvalorizado. Começando em 5 de junho, eles caíram para menos de um terço de seu valor nominal, nível que sinaliza um aumento das chances de default.

Em maio, Eike vendeu 70,5 milhões de ações na OGX por 57 milhões de dólares, cortando sua participação na petrolífera para 59 por cento ante 61 por cento anteriormente, vendendo por menos de um terço do que ele havia prometido pagar pelas novas ações.

Esta promessa, conhecida como uma opção de venda, requer que Eike compre até 1 bilhão de dólares em ações da OGX a 6,30 reais por ação até 30 de abril de 2014, caso o conselho OGX acredite que seja necessário.

MEMBROS DO CONSELHO SE DEMITEM

A Fitch Rating Service quase que imediatamente rebaixou a dívida da OGX para "CCC", o que significa que há alto risco de default. A venda de ações abaixo do valor que ele prometeu comprar elevou especulações de que Eike não tem dinheiro o suficiente honrar sua promessa.

"Os rebaixamentos de rating refletem uma maior incerteza sobre a disposição e a capacidade do acionista controlador da OGX, Eike Batista, de honrar a opção de venda da empresa de 1 bilhão de dólares", escreveu a Fitch.

Uma semana após o rebaixamento, três membros do conselho da OGX, que decidiriam se a OSX precisa do dinheiro da opção de venda de Eike, demitiram-se. O trio figura entre os mais respeitados líderes políticos, financeiros e jurídicos do Brasil. Pedro Malan é um ex-ministro da Fazenda, Rodolfo Tourinho já foi ministro de Minas e Energia, e Ellen Gracie é ex-presidente do Supremo Tribunal Federal.

VISÃO SEM EXECUÇÃO

Holmes acredita que o problema de Eike é principalmente de administração. Há uma década, erros semelhantes forçaram Eike a vender a TVX Gold para a Kinross Gold Corp após projetos de ouro empolgantes na Rússia e na Grécia acabarem sendo levados a um tribunal.

"Eu realmente respeito Eike como um empreendedor visionário, um pioneiro. Ele não é uma fraude, ele não é um mentiroso", disse Holmes. "Onde há problemas é na execução."

Holmes, que nunca comprou ações do Grupo EBX pois as considerava muito caras, disse que os preços já caíram tanto, que talvez seja hora de observá-las novamente.

De volta a Açu, os problemas de Eike continuam. A OSX, empresa de construção naval, pode não ter conseguido realizar o pagamento de 500 milhões de reais à espanhola Acciona, empreiteira no local, informou o jornal Folha de S.Paulo. A OGX negou a matéria na segunda-feira.

"Eu não sei o que vai acontecer com Eike", disse o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro, Julio Bueno, cujo governo tem ajudado Eike a desapropriar terras para o porto, em uma entrevista.

"Nós precisamos do porto e outros investidores querem construir portos nas proximidades. O porto ainda será construído? Sim. É uma boa ideia? Sim. Será Eike seu controlador? Isso eu não posso dizer."

terça-feira, 25 de junho de 2013

Do Blog do Professor Pedlowski: Matéria da Agência Reuters começa a destrinchar a situação do Grupo EBX


A matéria abaixo, produzida pelo jornalista norte-americano radicado no Rio de Janeiro, Jeb Blount, é uma daquelas peças de jornalismo que precisam ser guardadas para serem estudadas e analisadas em pesquisas que serão inevitavelmente feitas sobre o furacão que está varrendo Eike Batista e seu conglomerado do mapa das grandes corporações econômicas do mundo.

E Blount, que esteve em São João da Barra e viu o Complexo do Açu de perto, começa a sua peça jornalística com uma impagável metáfora: ela compara a derrocada do Grupo EB(X) ao Porto do Açu: uma montanha de areia no meio de um pântano. Se a figura de retórica não é geograficamente precisa, ela se aproxima muita da verdade dos fatos.

Mas como a matéria é muito rica em detalhes, a única saída para os que não leem inglês será usar o recurso do Google Tradutor, pois com um uso dessa ferramenta já se terá uma excelente idéia de tudo que está ali apontado.

Entretanto, o que parece deixar quase todo mundo espantado é como a fortuna de Eike Batista está indo tão rapidamente para o buraco, num cenário em que as maiores das empresas "X" se encaminham para a insolvência. Isso a matéria associa a uma característica marcante do próprio Eike que seria a de um empreendedor visionário sem capacidade semelhante de execução. 

Por outro lado, a matéria também demonstra como a sinergia idealizada por Eike entre as diferentes empresas "X" está se mostrando ser o beijo da morte, num momento em que os débitos de todas elas alimentam uma incapacidade total de honrar compromissos, o que apenas aumenta o descrédito e o abandono dos investidores.

O trabalho meticuloso feito por Jeb Blount que até o outrora apoiador inabalável de Eike, o (des) secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, o Sr. Júlio Bueno, parece não ter mais certeza de que seu ídolo de outrora vai poder continuar à frente do Grupo EBX. Como Júlio Bueno certamente mais coisas do que disse, essa dúvida apenas sinaliza que a coisa está mesmo péssima lá pelas bandas da Praia do Flamengo.

Finalmente, vamos esperar para ver o que mais sairá da pena de Jeb Blount. Se sair mais coisa semelhante, não vai sobrar grão sobre grão de areia na montanha construída por Eike Batista no V Distrito de São João da Barra. A ver...


ANALYSIS-How debt woes brought Batista's Brazil empire to the brink


(Adds Batista purchase of OSX stock under put option)

By Jeb Blount

SAO JOÃO DA BARRA, Brazil, June 25 (Reuters) - As Brazilian billionaire Eike Batista's EBX industrial empire crumbles, it increasingly resembles his most visible accomplishment, the Port of Açu.

In other words, a pile of sand in the middle of a swamp. 

To build the $2 billion iron ore and oil terminal, shipyard and industrial park 300 kilometers (190 miles) north of Rio de Janeiro, the world's largest dredging ship cut through the beach and dug 13 kilometers (8 miles) of docks out of dune and marsh. To keep tenants dry, the sandy waste is being piled as much as 5 meters over the surrounding flood plain.

The complex, one and a half times the size of Manhattan, has another 3-kilometer pier that can dock half a dozen of the world's largest tankers and freighters at the same time.

Yet despite all that work, in a country desperate for ports and other heavy infrastructure, investors consider the three EBX companies with stakes in Açu's success nearly worthless.

All but one of EBX's six traded companies has lost more than 90 percent of their value compared with record highs, and the bonds of oil company OGX Petroleo e Gas SA <OGXP3.SA>, EBX's flagship unit, are trading at levels that suggest default is imminent.

Batista, one of Brazil's most successful entrepreneurs during a decade-long commodities boom, has had to watch one of the world's largest fortunes disappear. Only last year, when Forbes ranked his fortune the world's seventh biggest, he boasted he would become the world's richest man.

Brazil, which during the boom grew at its fastest pace in three decades, has stagnated. Talk of a "Brazilian miracle" has been replaced by nationwide street protests against corruption. 

Batista's personal fortune has shrunk by more than $20 billion, knocking him from the top of Brazil's wealth list and making him a merely average billionaire.

"Batista's situation is pretty awesome in the true sense of the word," said Chris Kettenmann, oil and gas analyst with Prime Executions, a New York stock brokerage. "It's spectacular to see how much value has been eroded."

The EBX ventures in oil, shipbuilding, energy and transportation may survive in a slimmed-down form. Batista, though, is unlikely to control them, being forced instead to sell his stakes to pay debt.

Batista is looking for buyers for all or part of his 27 percent stake in MMX Mineracao e Metálicos SA <MMXM3.SA>, his iron ore mining company, as well as in his 62 percent stake in coal company CCX Carvão da Colombia SA <CCXC3.SA>, a source linked to the EBX Group told Reuters on Tuesday. 

He's also trying to sell his privately held AUX gold mining company, the source said. [ID:nL2N0F11NE]

On Tuesday, Brazil's Valor Economico daily newspaper said Glencore Xstrata Plc <GLEN.L> and Brazilian investment bank BTG Pactual SA <BBTG11.SA> were considering a bid for Batista's stake in MMX. The Folha de S.Paulo newspaper said Dutch transportation and logistics company Trafigura Beheer BV [TRAFG.UL] was doing due diligence for a possible bid. Neither paper named the source of their reports. [ID:nL2N0F10GM]

EBX turned down requests to interview Batista and other group executives. 

See graphic on collapse of Batista's empire. http://link.reuters.com/cap29t


SYNERGIES BECOME LIABILITIES 

In the past year the "synergies" and financial links between EBX companies that helped Batista sell about $7 billion of stock to minority investors since 2006 became liabilities.

In June 2012, oil company OGX revealed output from its first field was lower than expected, raising concern that OSX Brasil SA's <OSXB3.SA> shipyard would get fewer orders from OGX, its main client.

As OSX is an anchor tenant at Açu, owned by EBX's LLX Logistica SA <LLXL3.SA>, LLX stock also fell. 

And the dominoes keep falling, thanks in part to high debt levels at EBX companies and a lack of transparency in deals with Batista's personal holding company, Centennial Investments.

While Batista has offered to buy more OSX and OGX stock to calm minority investors, he also has brought in outside help.

In March 2012, Batista sold 5.63 percent of Centennial to Mubadala Development Corp. [MUDEV.UL], the Abu Dhabi sovereign wealth fund, for $2 billion. [ID:nL1E8GC0T8]

What Batista didn't say at the time was that he agreed to give up an unspecified stake in EBX to Mubadala if its investment in Centennial didn't provide a 5 percent annual return, a report by Bloomberg News said in December.

Since then, speculation mounted that Batista is struggling to meet the Mubadala terms as well as those of his own bankers.

Batista's Centennial also sold 0.8 percent to General Electric in May 2012. Mubadala owns a GE stake. [ID:nL1E8GO2RZ]

DOUBTS ABOUT DEBT

In the face of such doubt, not even the injection of more than $1 billion in rescue capital from Malaysian oil company Petronas [PETR.UL] in May, and in March from German utility E.ON SE <EONGn.DE> and fellow Brazilian billionaire Andre Esteves' investment bank, BTG Pactual, halted EBX's slide.

Batista's debt, or "leverage," is high, said Frank Holmes, chief executive of U.S. Global Investors of San Antonio, Texas, who has known Batista since the late 1980s. [ID:nL3N0DP098]

At the end of March, long-term debt levels at OGX, MPX, OSX and LLX, which owns Açu, were more than three times the median levels for similar companies and a third to a fifth of each company's total capital. These levels imply high risk.

With no positive cash flow and no profit, paying debt requires EBX companies to spend cash that would be better used to complete projects and boost revenue. State development bank BNDES [BNDES.UL] and Brazil's Merchant Marine Fund have lent or offered loans to EBX. They might step in to protect their investment, but the revenue stream promised to pay debts has been delayed by Brazilian bureaucracy and Batista's own management failures.

"The guy leveraged everything, and the bankers and everyone else believed in his vision. It's easy to do this," Holmes said.

Now those believers aren't so sure.

Since March, OGX bonds due in 2018 [BR056294465=] and 2022 [US063342009=] have steadily lost value. Starting June 5, they plunged to less than a third of face value, a level signaling increasing chances of a default.

In May, Batista sold 70.5 million shares in OGX for $57 million, cutting his stake to 59 percent from 61 percent, selling for less than a third of what he has promised to pay for new shares. [ID:nL2N0EN02H]

This promise, known as a put option, requires Batista to buy up to $1 billion of OGX stock at 6.30 reais a share by April 30, 2014 if the OGX board thinks it is needed.

BOARD MEMBERS QUIT

Fitch Rating Service almost immediately downgraded the debt of OGX to "CCC," meaning it is at high risk of default. Selling stock below the put price raised speculation Batista doesn't have the cash to honor his promise.

"The rating downgrades reflect increased uncertainty about the willingness and ability of OGX controlling shareholder Mr. Eike Batista to honor the company's $1 billion put option," Fitch wrote. "Funding for OGX's capex program is vital to increasing oil production, so a default on the put option would further tighten the company's liquidity position."

A week after the downgrade, three OGX board members who would decide if OSX needed the cash from Batista's put option quit. The high-profile trio rank among Brazil's most respected financial, political and legal leaders: Pedro Malan, a former long-serving Brazilian finance minister; Rodolfo Tourinho, a former energy minister; and Ellen Gracie, a former chief justice of Brazil's Supreme Court.

VISION WITHOUT EXECUTION

Batista, though, is honoring another put option. In October he agreed to supply up to $1 billion to shipbuilder OSX by March 23, 2014. On Tuesday he bought 183 million reais ($81.1 million) of OSX stock, two-thirds of the $120 million requested in May.

He must give minority investors until July 2 to buy up a lot of shares equal to half his purchase, but buyers are unlikely. Batista paid 40.14 reais a share and OSX closed Tuesday at 1.36 reais, meaning Batista will have to come up with about 60 million reais more, based on the deal's exchange rate.

Holmes believes Batista's problem is primarily one of management. A decade ago similar missteps forced Batista to sell TVX Gold to Kinross Gold Corp. <K.TO> after promising gold projects in Russia and Greece wound up in court.

"I really respect Eike as a visionary entrepreneur, a trailblazer. He's not a cheat, he's not a liar," Holmes said. "Where the screw-up is, is the execution." 

Indeed, nearly all top managers at EBX Companies have changed in the last year. And he's faced lawsuits from at last one former chief executive. [ID:nL1N0AS2CX]

"There's an old expression," Holmes said. "'If you don't execute, Mr. Market will execute you.'"

Holmes, who never bought EBX Group shares because he considered them too expensive, said EBX prices have now fallen so far that it may be time for another look.

Back at Açu, Batista's problems continue. OSX, the shipbuilder, may have failed to make a 500 million real ($222 million) payment to Spain's Acciona <ANA.MC>, a contractor at the site, local paper Folha de S.Paulo reported. OGX denied the report on Monday.

"I don't know what will happen to Batista," Julio Bueno, the Rio de Janeiro state secretary for economic development whose government has helped him expropriate land for the port, said in an interview. "We need the port, and other investors want to build ports nearby. Will the port still get built? Yes. Is it a good idea? Yes. Will Batista own it? That I can't say." 

($1 = 2.22 Brazilian reais)

Additional reporting by Herb Lash in New York and Guillermo Parra-Bernal in Sao Paulo and Sabrina Lorenzi in Rio de Janeiro; Editing by Todd Benson and Douglas Royalty) ((Jeb.Blount@thomsonreuters.com)(+55-21-2223-7143)(Reuters Messaging: jeb.blount.thomsonreuters.com@reuters.net))


domingo, 23 de junho de 2013

Em dificuldades, estaleiro OSX, de Eike Batista, dá calote de R$ 500 mi em fornecedor

RAQUEL LANDIM, DE SÃO PAULO


Eike Batista acena para fotógrafo após encontro no Palácio das Laranjeiras, no Rio

A OSX, estaleiro do empresário Eike Batista, está com sérias dificuldades. A empresa deu calote em ao menos um fornecedor e está sendo pressionada por bancos a pagar ou renegociar R$ 2 bilhões em dívidas de curto prazo.

Segundo a Folha apurou, a OSX não honrou um pagamento de cerca de R$ 500 milhões à construtora espanhola Acciona. As duas empresas seguem negociando, mas a Acciona não descarta pedir a falência da OSX.

Os espanhóis estavam construindo o píer de atracação de navios do estaleiro da OSX no porto do Açu, em São João da Barra, no litoral norte do Rio de Janeiro (RJ). O porto, que pertence a empresa de logística LLX, é outro megaprojeto de Eike.




Por meio de nota, a OSX informou que "os contratos com fornecedores têm cláusulas de confidencialidade que impedem a empresa de comentar". Os porta-vozes da Acciona na Espanha não foram localizados até o fechamento desta edição.

Advogados contratados por Eike e a equipe do banco BTG estão negociando intensamente nas últimas semanas com fornecedores e bancos credores para evitar a recuperação judicial ou até a falência da OSX.

O maior receio é um efeito dominó nas empresas do grupo EBX, que já sofrem com uma crise de confiança dos investidores. No último ano, o valor de mercado das companhias do "império X" (que reúne OGX, MPX, OSX, LLX, MMX e CCX) caiu R$ 36 bilhões, para R$ 9,74 bilhões.

A situação da OSX é tão grave que o estaleiro conta com a assessoria do escritório de advocacia Mattos Filho e contratou a empresa especializada em reestruturação de dívidas Alvarez & Marsal. Esta foi a responsável pela recuperação judicial da Varig.

A Acciona é uma das principais fornecedoras da OSX. Segundo o balanço do primeiro trimestre do ano, a OSX deve R$ 724 milhões a fornecedores -R$ 623 milhões a companhias de fora do país.

Os estrangeiros estariam sendo mais duros nas negociações com a OSX do que os bancos nacionais, que temem arcar com prejuízos importantes em seus balanços.

As dívidas bancárias da OSX com vencimento nos próximos 12 meses chegam a R$ 1,922 bilhão. 

Os principais credores são Itaú BBA, BNDES, Caixa Econômica Federal e o Arab Banking Corporation. Segundo a nota da OSX, suas dívidas de curto prazo estão "equacionadas".

DEMISSÕES EM MASSA

A OSX vem realizando demissões em massa. Na última quarta-feira, uma liminar da Justiça do Trabalho determinou que a empresa reintegre 331 funcionários que foram demitidos desde janeiro. A empresa disse que está tomando as medidas cabíveis.

Conforme a Folha apurou, as obras do estaleiro da OSX no porto do Açu estão quase abandonadas. A empresa diz que "as obras não estão nem serão paralisadas".

A OSX diz que "vem implementando o novo plano de negócios", que "foca nas atividades de leasing, que são geradoras de caixa, e na construção do estaleiro em fases".

O braço de leasing da OSX contratou a construção de três plataformas de produção de petróleo na Ásia, mas apenas uma ficou pronta e está alugada para a OGX (que também tem graves problemas).

As duas ainda em construção também seriam destinadas à OGX, mas a reportagem apurou que uma delas pode ser negociada com a Petrobras. A estatal não comenta.

domingo, 16 de junho de 2013

Cabral e Eike estão expulsando idoso paraplégico de onde nasceu, no Açu

Por Esdras


A emblemática história do Sr. José Irineu Toledo, paraplégico, de 83 anos de idade, e sua família, mostra com implacável dureza como as desapropriações de terras no Açu ultrapassaram todas as barreiras do bom senso e da humanidade.

Desapropriando para quem?

Sob a tutela do Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, a Codin vem desapropriando terras em nome da criação do Distrito Industrial de São João da Barra para atender aos interesses diretos do empresário Eike Batista, que iniciou na localidade a construção de um porto, agora com enormes possibilidades de não ser concluído.

Mas, antes disso, as desapropriações já se mostravam inúteis diante do fato de que as maiores empresas parceiras do empreendimento há muito abandonaram o projeto de se instalar ali. O que torna a iniciativa ainda mais questionável. Por que insistir em desapropriações diante de um caótico quadro financeiro que vem desmantelando as empresas do Grupo X? Quais outros interesses poderiam existir por trás dessas desapropriações de grandes áreas de terra que, como se sabe, são um dos raros bens patrimoniais que só valorizam?

Negócio da China, ou do Açu?

O certo é que foi divulgado na mídia que o Sr. Eike Batista disponibilizaria espaços para aluguel na retroárea do porto cobrando R$ 6,00 por m2, bem mais do que os R$ 1,58 por m2 que a Codin oferece compulsoriamente para tomar em definitivo as terras do Sr. José Irineu Toledo. Como se vê, parecer ser bastante substanciosa a margem de lucro obtida pelo Sr. Eike Batista.

Segundo a família Toledo, a Codin diz que pagará R$470.000,00 pela desapropriação da área que, se apenas alugada pelo preço cobrado por Eike, renderia algo em torno de R$ 1.777.000,00!

Cabral e Eike estão expulsando idoso paraplégico de onde nasceu

Por outro lado, nessas vorazes desapropriações não está havendo uma avaliação real dos graves problemas sociais criados ao arrancar o homem do campo das suas raízes, retirando, além do seu lar, o seu sustento.

No caso do Sr. José Irineu Toledo, enfermo há 20 anos, paraplégico, nascido nas terras que hoje tentam arrebatar, e proprietário delas há 42 anos, após a partilha da herança do pai, tudo se agrava. Na entrevista concedida pela Sra. Maria da Conceição Viana Toledo, esposa do Sr. José Irineu Toledo, ao professor Marcos Pedlowski, ela mostra toda a sua revolta ao ver-se expulsa das terras do “Sítio Camará” que proveem o sustento de cinco dos seus sete filhos e das suas famílias: “A gente não apanhou nada de ninguém. E aí essa gente vem de tão longe para apanhar o que é dos outros. O correto seria que meus filhos pudessem continuar trabalhando no que é nosso”.

A família do Sr. José Irineu e D. Maria da Conceição possui 40 cabeças de gado na área de pastagem existente na propriedade, sendo 30 delas próprias e o resto de terceiros que alugam o pasto. Segundo a família, a Codin queria remover o rebanho para a Fazenda Papagaio (distante em torno de 10 km da propriedade). Mas eles recusaram, porque o gado teria que ficar dentro de um cercado, e a água do poço que abastece o curral está salinizada, por essa propriedade estar situada ao lado do aterro hidráulico construído pela LLX, que salinizou grandes áreas de terra na região.

Negando a água

Outro detalhe que está causando revolta entre os filhos do Sr. Irineu é que a propriedade possui um poço artesiano que é utilizado por 15 famílias que vivem próximas da área. Segundo eles, o pessoal da LLX que esteve lá na sexta-feira teria dito que depois que a área for desapropriada, os vizinhos não poderão mais entrar para pegar água.

Totalitarismo capitalista

O que está acontecendo no Açu é uma espécie de totalitarismo capitalista tutelado pelo estado para benefício da iniciativa privada em detrimento dos direitos básicos que deveriam ser garantidos aos cidadãos, em uma sociedade que se diz democrática, tirando-lhes o direto à propriedade, ao lar, ao trabalho e até à água…

Sorte nossa é que se o Sr. Eike Batista almejava personificar o messias da implantação de um novo modelo totalitário econômico, parece que não terá fôlego para tanto. O próprio mercado está inexoravelmente devorando seus megalônicos devaneios e afastando de nós esse perigo iminente.

Entrevista com a Sra. Maria da Conceição Viana Toledo, esposa do Sr. José Irineu Toledo, proprietário do “sítio Camará”, que está sendo desapropriada pela Codin para ser entregue à LLX:

Marcos Pedlowski (MP): Qual a sua idade?

Maria da Conceição Viana Toledo (MCV): 78. Eu nasci na localidade de “Barra do Jacaré” e me mudei para cá quando casei.

MP: qual a idade do seu esposo?

MCV: 82, quase 83.

MP: Há quantos a senhora mora aqui em Água Preta?

R: 60 anos.

MP: E o seu marido, há quanto tempo está aqui?

MCV: Ele nasceu aqui.

MP: Quantos filhos a senhora teve com o Sr. José Irineu?

MCV: 7 filhos, 5 homens e 2 mulheres. E apenas um mora fora daqui, no Rio de Janeiro. O mais velho, José Carlos, tem 56 anos, e o caçula, Joilson, tem 43. Eu também tenho 11 netos.

MP: Há quantos anos vocês são donos dessa propriedade?

MCV: Há 42 anos, quando foi feita a partilha da propriedade do meu sogro, e esses 6 alqueires foi a parte dele na partilha.

MP: Estou vendo que a senhora está muito nervosa. O que está deixando a senhora assim?

MCV: É que eu estou muito revoltada com tudo isso. Eu fico nervosa quando penso que meus filhos não vão poder mais trabalhar ali. Quando meu marido ficou doente, há mais de 20 anos, eu deixei a terra para eles trabalharem e tirarem seu sustento. Agora, eles já estão tendo que arrendar terras dos outros para continuar trabalhando.

MP: A senhora disse que está revoltada com tudo isso? Por quê?

MCV: A gente não apanhou nada de ninguém. E aí essa gente vir de tão longe para apanhar o que é dos outros. Eu sempre paguei os impostos em dia, e agora a gente perde o que é nosso desse jeito. Isso não está correto. O correto seria que meus filhos pudessem continuar trabalhando no que é nosso.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Do Blog do Prof. Roberto Moraes: Mais sobre desapropriação em Água Preta


Oficiais de Justiça, servidores da Codin e da LLX

O blog apurou que a desapropriação que a Justiça, através de oficiais e funcionários da LLX, foi fazer hoje, na localidade de Água Preta, distrito de São João da Barra, para cessão de área para instalação do Complexo do Açu, teve a resistência da família que insiste em seus direitos.

Entre as diversas alegações é a da falta de lugar para colocar o gado, já que a proposta é de uma fazenda de Ari Pessanha atingida pela salinização do solo.

A família discorda também da avaliação da LLX/Codin, não apenas do valor para os seis alqueires de terra produtiva, mas, para a indenização da plantação que tem mais de 40 mil frutos, sendo que o abacaxi, está apurando em torno de R$ 1,30 o fruto retirado, para ser levado para a Ceasa e Cadeg no Rio. Assim, os valores continuarão a ser discutidos na justiça.

O oficial de justiça e servidores da Codin e LLX dicaram de voltar na 2ª feira. Acima foto das pessoas que foram fazer a desocupação da família de proprietários rurais. Abaixo duas fotos da plantação de abacaxi da fazenda que está sendo desapropriada, pouco antes da colheita de abacaxi no ano passado. Por elas, dá para ver e confirmar a sua produtividade.




Do Blog do Prof. Pedlowski: Desapropriações no Açu, rebaixamento na Fitch


No mesmo dia em que dezenas de agricultores resistiram à tomada de mais uma propriedade familiar no V Distrito de São João da Barra, a OG(X) foi rebaixada pela Fitch Ratings por causa do risco de calote nos seus credores. Isso mesmo, risco de calote!

Ai é que eu pergunto: para que são mesmo essas desapropriações?


Fitch rebaixa OGX

A Fitch Ratings acaba de rebaixar a classificação da OGX. O risco de inadimplência da petroleira de Eike Batista passou de B- para CCC. É o segundo rebaixamento em menos de um mês. Em 17 de maio, a OGX passou de B+ para B-

Por Lauro Jardim

Grupo X, de Eike Batista, deve mais do que vale!

Empresas do empresário brasileiro já acumulam débitos de R$ 18,8 bilhões, valor superior ao patrimônio, que hoje é de R$ 18 bilhões; companhias perderam R$ 86 bilhões em valor de mercado desde outubro de 2010; após ter diminuído sua participação na OGX, Eike saiu da lista dos 200 homens mais ricos do mundo da agência Bloomberg

247 – Mesmo que vendesse hoje todas as suas seis companhias, o empresário Eike Batista ainda não conseguiria pagar o que deve. O saldo acumulado da dívida, de acordo com reportagem publicada nesta sexta-feira no jornal O Globo, é de R$ 18,8 bilhões, enquanto o patrimônio somado das empresas do Grupo X é de R$ 18 bilhões.

Consta da lista de débitos de Eike investidores, bancos privados e públicos, sendo que apenas do BNDES foram concedidos R$ 10 bilhões – uma parte já paga. Desde outubro de 2010, as companhias de Eike com ações negociadas na Bolsa (OGX, OSX, LLX, MPX, MMX e CCX) perderam R$ 86 bilhões em valor de mercado.

“Entre 2006 – quando a MMX lançou ações, a primeira empresa do grupo a abrir capital – e o fim do primeiro trimestre deste ano – e o primeiro trimestre deste ano, as seis companhias acumulam prejuízo de R$ 6 bilhões", informa o jornal carioca. Em comunicado nesta quinta-feira, o empresário garantiu que restaram "somente dívidas com vencimento de longo prazo" e disse que não pretende mais vender ações da OGX, como fez no mês passado.

Em entrevista ao O Globo, Rogério Freitas, da Teórica Investimentos, dá uma solução radical para os problemas de Eike: o empresário tem de sair da frente dos negócios. Segundo ele, esta é a única maneira de o grupo retomar a confiança do mercado.

"É uma pessoa só à frente de vários projetos grandes demais, que exigem investimentos grandes demais. O próprio Eike, no passado, guiou o mercado para uma visão superestimada do grupo. Ele soube vender bem os próprios negócios, como muitos bons empresários. Mas, agora, chegou-se a um ponto em que as ações das empresas são contaminadas por ele próprio. Ele tem que sair", disse Freitas.

Do blog do Prof. Pedlowski: apesar da crise de Eike Batista, as desapropriações continuam no V Distrito!



No mesmo dia em que o Grupo EBX e Eike Batista estão imersos numa profunda crise, mais uma propriedade no V Distrito se encontra na iminência de ser desapropriadas. É que acabo de ser avisado que no dia de hoje, o agricultor José Toledo, de 84 anos e paraplégico há uma década, foi avisado que a amanhã (14/06) terá de sair de sua propriedade, sem que haja qualquer alternativa de residência oferecida para ele.

Esse caso é emblemático, pois apesar de todas as dificuldades do Sr. José Toledo, a propriedade de 6,0 alqueires possui 200.000 pés de abacaxi plantados, e um rebanho de gado de cerca de 40 cabeças. 

Diante desse verdadeiro absurdo, a comunidade do V Distrito se encontra em alerta e mobilizada para impedir que essa desapropriação seja levado a cabo.

Aliás, uma pergunta: qual é o uso que se pretende dar às terras do Sr. José Toledo em face da profunda crise por que passa o Complexo do Açu nesse momento? Só falta a mídia empresarial querer rotular os que forem lá defender os direitos do Sr. José Toledo como vândalos e inimigos do desenvolvimento. A ver.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Do Blog do Prof. Roberto Moraes: Idas & vindas na UCN no Açu

Os movimentos na empresa são cada vez mais imprecisos e duvidosos.

Ontem, a OSX acertou com a ARG terminar o trabalho que era da Acciona no Cais Norte do estaleiro (Unidade de Construção Naval – UCN), junto ao TX-2. 


Hoje, os trabalhadores chegaram a ser chamados para fazer na parte da tarde de hoje, o que a OSX chama de integração para os trabalhadores tomarem realidade de como as coisas se encontram para projetar o trabalho que duraria, segundo as previsões, 4 meses. A ARG se mobilizou até para trazer empregados demitidos para este trabalho.

Porém, no início da tarde a ARG foi informada pela OSX suspendendo os trabalhos. Logo depois disso, a ARG demitiu mais 4 trabalhadores. O clima parece ser mesmo de encerramento das atividades.

Enquanto isto:

O estaleiro japonês Ishikawagima avança na participação do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) instalado junto ao Complexo Logístico-industrial do Porto de Suape, PE. É oportuno recordar que o sócio anterior do EAS era o estaleiro coreano Samsung. Veja abaixo nota no blog do jornalista Lauro Jardim:

"Os japoneses do IHI anunciam entre hoje e amanhã que, finalmente, entraram no bloco de controle do Estaleiro Atlântico Sul (EAS). Compraram 25% da empresa por algo em torno dos 200 milhões de reais. Até o fim do ano essa participação deve chegar a 33% da companhia."

PS.: Atualizado às 19:50: Abaixo o mapa da localização dos estaleiros do Brasil que estão participando de construções de embarcações offshore para exploração de petróleo:



FONTE: http://www.robertomoraes.com.br/2013/06/idas-vindas-na-ucn-no-acu.html

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Folha da Manhã: Incertezas rondam obras do Superporto


O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil em Campos, José Eulálio, admitiu que o clima é de apreensão entre os trabalhadores por conta das demissões que vêm se sucedendo nas obras do Superporto do Açu, litoral de São João da Barra. Segundo ele, hoje haverá uma reunião fechada, às 9h, na sede da entidade, com representantes das empreiteiras que atuam no megaempreendimento, para prestarem informações do que realmente está acontecendo em relação à força de trabalho no local.

No balanço sobre demissões ocorridas desde março, feito há algumas semanas, o sindicato informara, à época, que as dispensas chegavam a 1.560 trabalhadores, dos cerca de 8 mil que estavam atuando até então. Um acordo foi firmado entre as empresas, Ministério do Trabalho e o sindicato, para que as demissões não ultrapassassem 40, mas, assim mesmo, a cada 15 dias.

Segundo José Eulálio, ontem também houve reunião dos representantes das empreiteiras com os responsáveis pelas obras do Superporto. Esta semana, surgiram especulações sobre a possibilidade de as obras da Unidade de Construção Naval (UCN), sob responsabilidade da OSX, serem interrompidas, mas o dirigente sindical afirmou não ter sido informado oficialmente de nada a respeito. Segundo disse, se as obras do estaleiro forem interrompidas, “seria o mesmo que jogar tudo que foi feito no lixo”. Eulálio justificou a afirmação dizendo que a não interrupção ocorreria por questões técnicas.

Ao ser questionada sobre a possibilidade de haver mais demissões no projeto, a assessoria da OSX se limitou a enviar nota para a redação: “Conforme divulgado em Fato Relevante pela OSX em 17 de maio, o novo Plano de Negócios da companhia prevê o faseamento das obras de implantação do estaleiro do Açu, tendo em vista a atual carteira de encomendas da companhia e o cenário do mercado no país. Diante deste faseamento, estão sendo realizadas adequações no quadro de colaboradores próprios e de terceiros alocados na construção do empreendimento”, informa a nota, que completa: “As obras e equipes necessárias para a execução dos projetos em carteira nesta primeira fase do estaleiro permanecem trabalhando normalmente. A companhia reafirma a sua percepção quanto ao valor estratégico do projeto original do estaleiro e reafirma sua expectativa de que as medidas que ora são adotadas preservam o objetivo de concluir a construção do empreendimento no longo prazo, mediante novas demandas e investimentos de capital correspondentes”.

Cilênio Tavares