sexta-feira, 2 de março de 2012

A questão do X


Quem não leu não perca tempo. O Brasil não é de Eike Batista, que não é o Imperador Carlos Magno, nem é Visconde de Mauá, tampouco, muito embora possa ser um lobo, um Lobato do Petróleo É Nosso

Everaldo Gonçalves

Em um só folego li, nas linhas e nas entrelinhas, o livreto de Eike Batista, por isso já posso fazer a crítica crítica da obra. Sintam o cheiro, mas de nariz tapado. Estou frustrado. Pela divulgação da peça escrita a quatro mãos, com parceria do jornalista Roberto D´Ávila, boa pena de aluguel, não tem forma e conteúdo. Poderia parar por aqui. A vergonha e o dever de ofício de geólogo ou de jornalista não permitem que eu fique calado e use palavras de baixo calado igual ao seu porto inseguro.

Falta estilo no homem e na obra, se ambos são o próprio. Brochura com 159 páginas, em 41 capítulos curtos. Faltam os versículos para ser a nova bíblia tal O Capital. A diagramação é péssima, com fotos de qualidade de um pobretão, nenhuma clara o suficiente para poder ver os detalhes, seja da impressão, da paisagem, das máquinas, das cavas das minas contaminadas de mercúrio, assoreamentos, desmatamentos e os perigos da mineração, seja da alma dos figurantes. Fotos passadas por fax, com reprodução pra lá de medíocre para um perfeccionista. A foto da p.102 mascara as bermas da mina de ferro Tico-Tico da MMX em Minas Gerais e a grande degradação ambiental é bem visível.

Na capa o ícone de mão fechada no bolso expõe a verdade na manga do paletó no avesso, sem o ás, e na camisa preta, tom sobre tom, falta a gola. Um convite à degola, no escuro da sombra do fundo, com o símbolo do Sol Inca, no alto e em baixo a marca da editora, a Primeira Pessoa. O título não passa no toque da pureza, peça de ouro ordinária: A Trajetória do Maior Empreendedor do Brasil, com destaque O X DA Questão. O X está escondido na foto brilhante do cara de pau. Esta foto, de fato, é A QUESTÃO DO X, quem está por trás deste Silva, excluído do nome paterno.

O Brasil dos Silva

Sim, Eliezer Batista da Silva. O pai deste filho prodígio diz de cara: o destino do rebento estava traçado há 40.000 anos! Nem o prefácio paternal do astuto Dr. Eliezer na orelha e na abertura do livro salva a mercadoria. Mas dinheiro não fede, muito embora venha com uma face suja de sangue. Vai vender igual água, pois petróleo tem muita coisa a vencer para o neófito mostrar quem é homem e quem é menino, pois, para ele, é o estresse que separa um e outro p. 81.

Vê se pode o pai sem mineiríssimo dizer que o filho tem boa genética germânica da mãe. Ariano? É normal o pai coruja imitar a vaca lambendo o bezerro de ouro. Não sou de discutir pessoas, mas o livro que preciso comentar (pois temo que outro não o faça, seja por medo ou falta de conhecimento) é todo na primeira pessoa, tal qual a Editora, de um homem fadado ao sucesso. Nasceu para brilhar. Desculpem a minha dura missão, mas não tenho inveja e nada pessoal com a figura estranha da façanha. Apesar de já ter escrito a crônica: Eike, o Rei Midas está nu! (veja aqui http://www.brasil247.com.br/pt/247/economia/1571/wwww.brasil247.com.br/). Se o estilo é o homem, pela escrita e os ensinamentos, quem seguir os mandamentos desta “bíblia” está ferrado com o homem do ferro, ouro e petróleo virtual. Quem lê a biografia do Barão de Mauá, de Monteiro Lobato, este sim um empreendedor (o grande homem dos livros e precursor da indústria do petróleo no Brasil), e de outros capitalistas do porte do Guinle dos portos, que ao longo da vida ajudaram na construção do Brasil, fica espantado com as lições cretinas. Tem fama de Midas, mas para ele: Não existe toque de Midas, p. 84. Tampouco a mim que já o coloquei a nu (http://www.brasil247.com.br/pt/247/economia/1571/Eike-o-rei-Midas-est%C3%A1-nu.htm). De fato, não há prova de ter achado a fonte da juventude ou a pedra filosofal. Com relação à juventude, a peruca conserva a perda precoce do cabelo. Com relação ao ouro, se tivesse pagado o quinto ou o imposto devido, seria de menos título que 24 quilates. O petróleo está esperando o Eike, campeão de offshore, embarcar nessa canoa grande! Porém furada diria um índio.

Um homem público, o mais rico do Brasil e oitavo do mundo, segundo a Revista Forbes, poderia curtir sua fortuna, amealhada a partir do nada – minério um bem da natureza, parte do subsolo, que pertence a União – do capital primitivo. Aproveitar um bem comum da natureza é uma forma de extrativismo, etapa anterior ao capitalismo. Usurpar de um capital semi-pronto é possível mediante o requerimento feito à União ou nas participações, com informações privilegiadas, de leilões de petróleo e gás.

Esta página da história de Eike Batista não aparece no livreco, mas incrível, nunca imaginei que o ego levasse o autor a entregar a própria cabeça na bandeja, qual a do santo. Inacreditável! O panaca descreve em detalhes suas peripécias na contravenção e passa recibo de contrabandista e de sonegador, cujo crime não prescreve.

Eike Batista tornou-se homem – aquele que entra no processo de produção – bem jovem, quando na Alemanha estudava engenharia. Abandonou logo o curso e se formou na escola da vida, com domínio de cinco línguas. Talvez Eike Batista não saiba que é possível que ele seja um mito por ter incorporado o espírito de Carlos Magno – Imperador do Sacro Império Romano, 742-814 –, cujo berço natal e a cripta estão na bela cidadezinha Aachen, por isso, não precisou de terminar a academia. O espectro do conquistador, diz a lenda, deixou o sarcófago desde quando o nosso dono do mundo partiu daquelas plagas. Na igreja de Aachen há guardadas apenas as armaduras, os elmos, a espada, a urna com a máscara mortuária e o esqueleto sem espírito desbravador. Há que conferir. Alguma coisa deve ter feito o inumano. Transcendeu a própria matéria, superou Midas. Um demiurgo. É o próprio ouro o dono do mundo, na forma de metal amarelo ou de ouro negro. Um legítimo self mad men que se fez pelo trabalho honesto. O trabalho liberta! Frase curta do bem ou do mal. Não me sai da memória essa máxima que pude ler no portão de entrada do campo de concentração de Sachsenhausen: Arbeit Macht Frei! É coisa de grandes homens. Por isso, Eike deve fazer falta na Alemanha. Sem ele, as ruas escuras e lares frios da sede do antigo Império Romano sentem a falta da iluminação e da segurança na casa. Perdeu o sedutor caixeiro viajante, grande vendedor de enciclopédias e de apólices de seguro. Porém, o mundo ganhou seu libertador.

É o conquistador de todas as maravilhas da humanidade. Nas trilhas de Carlos Magno, com seu capital, vai unificar os proletários do mundo, sem quebrar seus grilhões. Vai reconstruir o Império Romano, a começar pelo Circus. Um novo Cesar com suas Arenas de MMA com seu UFC, onde o seus gladiadores vão voltar a gritar: Ave Eike, morituri te salutant! Outra vez em coro o povo todo cantando: Salve Eike, aqueles que vão morrer te saúdam! O show já começou e Mister X, na visão de 360 graus, está transformando o círculo em octógono. É o dono do vale tudo. Os negócios vão de vento na popa. O escritor do best-seller mais quente da praça vende de graça conselhos de autoajuda do tipo vulgar para estimular novos investidores: seja perseverante, não desista, errar é comum e o fracasso não impede nova aventura, seja cordial para evitar levar um tiro, como ele levou, pelas costas. Alega ter vindo da classe média, mas é um pequeno ou o próprio burguês, filho rico de alto burocrata de Estatal, não de classe média, pois o pai é bom engenheiro formado na Alemanha onde conheceu Jutha, a mãe. O casal teve sete filhos. Eliezer Batista da Silva foi graduado funcionário da Vale do Rio Doce, Diretor e Presidente da Empresa em dois períodos. Na democracia e na ditadura militar, com retorno triunfal, o camaleão serviu de Ministro ao Governo Collor. Passou também pela empresa de seu velho amigo Augusto Trajano de Azevedo Antunes, que minerou manganês no Amapá, em associação com a Betlhem Steel e ferro em Minas Gerais, passou também pela a Hanna Minning, na empresa MBR, que atualmente é da Vale.

O início da bandidagem

Onde a bandidagem começa? A história do bilionário não difere de nenhum fora da lei. Segundo a confissão do autor, mas que o leitor desavisado não capta e o esperto não diz p. 35, cap. 5: “As pedras preciosas cruzaram meu caminho muito cedo. Ainda cursava a graduação em Aachen quando conheci garimpeiros que vendiam diamantes no Rio de Janeiro. Aconteceu casualmente durante as férias. Amigos me apresentaram essas pessoas e perguntaram se eu poderia colocá-los em contato com compradores na Bélgica ...” Antuérpia é o grande centro de comércio de diamante fora do controle do Sindicato e dominado por um comércio livre. Extremamente livre, uma vez que diamante não tem carimbo como também o dinheiro. Andam de mãos dadas os mercados livres de moeda, ouro, pedras, drogas e a lavagem de dinheiro. Um círculo vicioso onde um precisa do outro. Quem assistiu ao filme vai entender e quem não o viu, deve ver: Diamantes de Sangue. Faz lembrar o cabeludo Leonardo di Caprio. O mais cruel contrabando até hoje, inclusive sujeito a crime internacional e vigiado pela Interpol, quando não tiver o Certificado de Kimberley. Lá o mercado de diamante era todo informal e indiretamente, nas mãos do Sindicato, controlado pela De Beers e pelas organizações criminosas mafiosas, inclusive, tendo a participação da Rússia, grande produtora de diamante e de lavagem de dinheiro. O Brasil não fazia e não faz parte do Sindicato e as pedras eram levadas por mulas, no bolso e nos intestinos, quando não nas bíblias de religiosos ortodoxos. Preciso dizer mais? Para mostrar o verdadeiro caminho das pedras!

O dinheiro a quem não saiba, na sua essência, é fruto ou furto do trabalho alheio, resultado do trabalho prestado ao detentor do capital ou meios de produção, pago sempre a menor, cuja diferença é a mais-valia. Quem não ganha dinheiro com seu trabalho, igual ao Eike Batista ganhou no primeiro emprego, faz alguma mágica ou pode ter nascido rico, casado-se com rico, ter ganhado na loteria ou usado de métodos não ortodoxos.

A segunda atividade ilícita foi tomando emprestado U$ 500.000,00 de dois amigos do ramo de joias para comprar ouro no garimpo, cap. 6, p. 38. Dito assim parece coisa legítima e de trabalhador. Que nada! Coisa de contrabandista e de lavagem de dinheiro. É possível no nosso capitalismo alguém emprestar ao outro esse montante sem ser banco formal ou agiota? Foi uma operação declarada no imposto de renda? E o ouro negociado foi contabilizado, comprado e vendido com nota? Pior o sócio roubou, literalmente, o capital inicial e o lucro de U$ 300.000,00, ou seja, U$ 800.000,00 e não faz referência ao BO – Boletim de Ocorrência Policial, mas fala que levou um cano e também um tiro por cobrar, com grosseria, uma dívida de um bêbado, sem saber se a bala foi pela bebida ou pela ofensa e se teria sido por aquele roubo ou outro. Não mostra o BO e o processo de crime de latrocínio e atentado a bala, pois ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão ou chumbo trocado não dói, segundo a lei do garimpo. Não satisfeito o lesado cidadão tomou novo empréstimo com os amigos e não teve também contabilidade e passagem pela receita federal. Mas, ganhou dinheiro, fez a Empresa Autram – sem o cromossomo X, que fez o primeiro garimpo mecanizado na Amazônia, região de Alta Floresta. Nada disso! Pois, como mostra a foto, erroneamente, com o título: Mina Novo Planeta, primeira planta de produção mecanizada de ouro no Brasil. A primeira mina de ouro mecanizada com pilões de moagem californianos foi a Mina da Passagem, em Mariana - MG, da Sociedade Mineralógica da Passagem, constituída pelo geólogo alemão Barão Eschwege, em 1819, que já reclamava da poluição por mercúrio. O mercurial Eike Batista pode ter incorporado também o espírito do patrono da geologia, dada a ascendência germânica. Deslavada mentira, um simples sistema de concentração por um jogo jigs (cuba de concentração de minerais pesados por pulsão lateral ou vertical) e calhas rifladas com carpete, em que se usava mercúrio (metal líquido que faz liga com ouro e a prata) igual aos garimpos dos quais participou no Tapajós. Todo o dinheiro que Eike Batista possa juntar na vida não paga as vidas que vão ser contaminadas pelo metal branco que sublima, volta para a natureza e a contamina, depois de ser atacado por ácidos, até de raízes de plantas, na forma de sal é letal e interfere na estrutura das células vivas. O equipamento mostrado, cap. 10, A Perfeição é uma Utopia, p.48, é de baixa eficiência para o ouro fino de depósitos aluvionares. As cavas abertas por esses garimpos bancados por Eike deixaram marcas da poluição, que vistas do alto ou nas fotos, mostram as vísceras da terra amazônica exposta. Mas declara no livro, p. 60, não sei se está no da Receita Federal, que movimentou com o comércio (ilegal) de ouro, entre 1981 e 82, U$ 60.000.000,00 . Aposto uma Coca-Cola que foi puro contrabando e recomendo a receita verificar para ver se sobra o título do cap. 13: Pedra Sobre Pedra.

Este foi o pulo do gato do honesto Eike Batista, que se orgulha de cuidar do meio ambiente e de ter pago tanto imposto de renda, pela venda da maior parte da MMX. Um cheque que as máquinas do Rio de Janeiro não conseguiam encher, tratam-se dos zeros de 450 milhões de dólares que ganhou enganando a Anglo-American, p. 119, vendendo por U$ 7 bilhões reservas de ferro micada da MMX. Em Minas Gerais, há problemas ambientais de qualidade e quantidade – o minério precisa ser fabricado – no Mato Grosso, as reservas de ferro são marginais, sem logística e, no Amapá, elas são pequenas, conhecidas antes da II Guerra. O Porto do Açu é um mico! Porém, enganou os súditos da rainha, pois o valor foi maior que o de toda a Vale do Rio Doce (U$3,2 bilhões).

O Eike é tão grosso que mal sabe o que é diamante polido. Fala muito em pedras e o caminho das pedras e da pedra mesmo diz: “sou perito em identificar diamantes não polidos e aprendi, ao longo da vida, a polir esses diamantes.” p.134. Eu posso falar, pois vivi 15 anos em Diamantina – MG, aonde fui para fazer minha tese sobre essa pedra encantada, mas abandonei a Universidade e me casei com Minas. Conheço alguma coisa dessa pedra fascinante e, de longe, posso reconhecer a pedra bruta, às vezes bem polida, mas para melhorar as faces e o brilho da natureza é preciso prepará-la, seja serrando, torneando ou clivando, seja depois lapidando e, no final, polindo. Portanto, no meio técnico ou culto como também no garimpo, ninguém diz: há que polir a pedra. Mas, sim, há que lapidar, afinal prepara-se forma e faces. O diamante lapidado na forma brilhante, mais comum e moderna, possui 56 faces laterais do pião e uma superior à mesa. A metáfora vale para os homens. Eike diz que conhece diamante, mas na verdade não sabe de nada. Ele é um diamante jaçado, que não pode ser lapidado, um tipo xibio ordinário.

O livro mostra que há de fato outra face no X, que se esconde por trás, mas ela permanece um mistério, com poder de um ministério. Por isso, sim, faz sentido o fascínio do X, é a face oculta, ninguém ainda o sabe. Ou até pode saber, basta seguir os caminhos das pedras.

Dá lição de estatística de descoberta de minas sem fundamento. De cada mil indícios de algum mineral de interesse econômico, 200 podem despertar interesse, 20 merecem ser estudados e dois tornam-se minas. Na página 53, o sortudo descobridor de coisa já achada aponta seu sucesso em achar garimpo – ora, se era garimpo, já era sabido que no local havia ouro – diz: a estatística é de uma mina de ouro para cada 17.000 indícios. (idem) Ou seja, você precisa tentar 17 mil vezes para obter sucesso uma vez. O papudo diz que ele acertou na mosca em 8 minas de ouro. Pura balela, descobridor foi algum garimpeiro ou geólogo, mas, uma vez que nunca teve equipe de prospecção mineral, ganhou as áreas conhecidas na fila de requerimento das minas. Quem chegar primeiro no protocolo leva.

Esqueceu-se de dizer que uma vez, afoito, quebrou o nariz ao bater de cara na porta do DNPM de Belém do Pará, na tentativa de furar a fila.

Um bambã da coisa pronta, pois Paracatu é conhecido desde os bandeirantes no caminho de Goiás e o ciclo do ouro de Minas Gerais. Deu uma grande mina, mas a poluição com arsênico está deixando a população em polvorosa, devido às doenças causadas pela poeira desse elemento que infesta a cidade. Se Eike diz que foi ele que retomou a mina e cuida do meio ambiente, está mentindo, a prova da matança está ai. Veja no site do: http://alertaparacatu.blogspot.com/

O fio do bigode

Eike nos ensina que apreendeu no mercado de diamante a fazer negócio baseado na palavra, sempre honrada, mas não respeita o acordo feito e assinado com o sócio que lhe deu o caminho fácil das pedras sujas de óleo. O gabola nos seus negócios abusa da honra do fio do bigode. Para ele, é fácil, ao menos na capa do livro, não tem bigode, já no texto, há muito nariz de cera. Nem na justiça quer reconhecer o contrato escrito em uma folha de papel de guardanapo durante um voo, com o diretor da Petrobras. Assim é fácil achar petróleo, com a ajuda das mãos sujas lá nas alturas. Eike diz na p. 122: Faltava uma equipe capaz de desenvolver a companhia, de colocar o projeto em pé. Fui buscar no mercado, muitos deles com mais de trinta anos de Petrobras. Mentira e falta de ética ou outra coisa. Tirou técnicos que sabiam os segredos da Petrobras, que saíram levando na mente e debaixo do braço e pens drives a fonte de informação na forma da nova pedra filosofal, que transforma mapas em ouro negro. Assim é possível, se souber trabalhar, tirar óleo da pedra. Em bom português, é preciso falar o que todos no nosso meio sabem do passe que foi pago ao colega geólogo Mister Oil: U$ 500.000,00 cash e U$ 100.000,00/mês, até quando durarem as informações ou humilhações. O alto diretor já foi dito que não pagou o combinado pelas informações e corre no Tribunal ação de mais de trezentos milhões de reais pelo vale manuscrito.

Dinheiro não cai do céu, milagre não multiplica dinheiro, embora possa ter feito com os peixes e pão. Talvez o santo forte seja o que o protegeu da malária. Receita de tirar o chapéu. No cap. 17: O Capital é Covarde, p. 79: Não me vejo diminuído em nada em admitir os bons ventos como aliados. Um bom exemplo foi minha vitória pessoal sobre a malária. O que fiz para evitar a doença num ambiente em que todos eram abatidos dia após dia? Meus cuidados se resumiam a não pescar na beira do rio por volta das quatro ou cinco horas da tarde e tomar um gole de cachaça com alho. ... Ao contrário dos demais, me escondia numa casa que havia cercado de telas. E tomava lá meu gole de cachaça com alho. À época acreditava-se que odor exalado pelo alho afastava os insetos. ... Sei que funcionou para mim. Foi o alho? Foi o alho com a cachaça? Ariscaria dizer que foi uma batida que misturava três ingredientes na medida certa: cachaça, alho e uma pitada de sorte.

Este novo sanitarista deveria ser condenado também pela saúde pública pela péssima indicação, pois os bafos de onça com o cheiro estão acabando com a saúde e a segurança da população. Mosquito Anopheles se acaba, antes sim, com saneamento básico, medidas profiláticas e a prevenção. Uma delas é tomar sais de quinino, a outra é a que Eike usou: se recolher antes do crepúsculo, mas a melhor é a de colocar telas nas habitações, que pelo visto nas dos peões não tinha, dai a baixa do seu exército de famélicos, que são os seus garimpeiros. Essa é a igualdade social e a defesa ambiental, com um rastro de poluição. A sorte neste caso é a de já ter dinheiro.

Os fracassos

Os insucessos não devem tirar o ânimo do empreendedor, por isso, dá conselho para o leitor não desistir nunca e diz também que pagou tim tim por tim tim nas vezes que fracassou ou quebrou. Para o intocável, no cap. 36: O Erro Como Professor, p. 145, cita o caso do carro estradeiro cuja fábrica foi abandonada na beira do caminho em Pouso Alegre – MG, o JPX. Lembram? A Lei deveria garantir que quem faz um carro seja responsável pelas peças e manutenção. Isso posso garantir: se o leitor comprou um jipe JPX, jamais vai poder ser atendido em qualquer reclamação de recall. Eike conta mais um caso na Rússia de mina de ouro na qual teria perdido 30 milhões e acusa o perigo de ser expropriado. Boa ideia.

A China é um grande importador de minérios e investidor com parceiros nacionais, mas quando o nome de Eike é falado nas representações comerciais, causa mal estar. Perdeu a credibilidade ou é palavrão ou dá mau agouro no mandarim. Está perdendo negócios e não existe mais os ditos negócios da China. Em minha opinião é por causa da cozinha chinesa. O Eike faz a falta, bate o pênalti e defende o gol. Quer negócio com chinês, japonês, coreanos, alemão e tutti quanti e foi fazer logo a complicada comida chinesa. Cada cantão tem a sua tradicional culinária e o brasileiro não fala nada de mandarim e o nome do restaurante é misto de Inglês com Chinês: Mr. Lam.

O falastrão escondeu a marca do batom. Não fala do fracasso do Batom da Luma, cujas franquias dos produtos, basta procurar na internet, há uma fila de enganados a espera de um acerto de contas. Esqueceu-se de contar que foi escorraçado da Bolívia por Evo Morales e salvo por um “lugar tenente” de Fidel, muito embora site no capítulo 21, p. 89, “Há que endurecer, mas sem perder a ternura!”. Porém, o gaiato, na página seguinte, renega o autor da frase e do feito. Muito menos fala que a planta siderúrgica continuou no Pantanal, do nosso lado, produzindo ferro gusa de carvão vegetal que provoca tanta poluição.

É essa a Visão de 360 Graus, do cap. 14, na p. 63, a do número da sorte do felizardo, que serve de bússola ao altruísta, defensor do meio ambiente e do desenvolvimento autossustentado. Só se for com o olho que não possui pálpebras, pois o ser humano mudou a visão lateral dos animais evoluindo para poder ver e enxergar com mais profundidade nas três dimensões, na visão frontal do olho no olho, não em viés ou oblíqua e oculta. O círculo é a própria quadratura, do engenheiro de meia-colher, pois não fecha: “Visão de 360 é observar o entorno jurídico, político, financeiro, ambiental, social, humano, logístico, mercadológico e operacional”.

Eikelândia

O Açu é um caso sério, mas parece brincadeira. Porto deve ser coisa sólida, mas para Eike mudar de lugar, conforme os bons ventos e dinheiro do BNDES. Tentou fazer o porto de Biguá no litoral de Santa Catarina perto de Florianópolis e deu com os burros na água, por problemas ambientais. Mas como é possível se ele é o próprio meio e o ambiente? Mudou para o litoral sul paulista justamente onde o Brasil começou com Martim Afonso de Sousa, em Peruíbe. Quanta injustiça! Novamente, por problemas ambientais, a vaca foi para o mangue, com os indígenas batendo o pé no local, não querendo serem expulsos de sua Reserva. Gorou igual ovo de galinha, mas antes de botar. Agora vai matar a galinha de ovos de ouro no Superporto do Açu.

Não conhece a língua do índio, pois só fala a do nosso tutu, mas vai lá a lição. Eikê no tupi guarani quer dizer embarcar-se e açu grande. Alguém escolheu tão bem seu porto seguro que foi exatamente no pior lugar, em uma praia grande, isso mesmo praia de açu. O homem dos números vai ter de matar essa charada: Eikê Açu! Lugar fácil de índio ancorar suas pirogas e embarcar-se. Mar raso, com levíssima inclinação no nível abaixo do mar. É preciso avançar até três quilômetros mar adentro para cair apenas 18 metros. Suficiente para ancorar um navio do padrão do canal do Panamá, com este calado para atracar navios de médio porte 80.000 toneladas. Mas nosso homem de ouro e ideias mirabolantes quer ir lá longe da costa offshore, em alto mar, mas sujeito a ventos, trovoadas e tempestades constantes, maresia e a baixa profundidade, que segundo a visão de 360°, basta dragar e abrir um canal artificial no fundo do mar, para operar navios Chinamax, para 400 mil toneladas. Desafiar Poseidon e Plutão, só com a ajuda de Mercúrio, mas Eike deixou o metal líquido, que tinha, nas terras arrasadas da Amazônia. Delfos, no templo do nosso Apolo de olhos azuis, deu-lhe um castigo de Sísifo, só que em vez do nosso homem da pedra subir com ela na montanha, para deixá-la descer e voltar sempre, vai ter de tirar a areia e a correnteza repor para Eike tirá-la de novo, em um moto-contínuo, pois o homem de fibras e peito de aço é do tipo de brasileiro que não desiste nunca. Conforme mais outra lição, que não aprendeu, pois não leu o próprio livro, o qual não escreveu. Então, lá vai a lição tendo o erro como professor, cap. 36, p. 144 ou p. 49, cap. 10, a perfeição é uma utopia. No novo Porto de Rhodes – uma das sete maravilhas do mundo – as pilastras deste Colosso ao par, tal quais as pernas de Zeus, Deus do Sol, para proteger o porto, avançam mar adentro. Maravilha! Putzgrila, um erro técnico, certamente não o único, para poder aprender sempre mais e mais, botou muito fubá no angu. Praga da geologia, coisa nenhuma, pois foi fazer a coluna antes da sondagem. A base de sustentação das vigas, uma placa amortecedora, mal começou, estourou. Já teve de fazer recall e coisa simples no mar, com macaco hidráulico, levantar a moral das vigas e trocar, em nome da perfeição. Os píeres de ancoragem dos navios precisam da ponte de acesso e o “Porto” da proteção do quebra-mar. Um enorme cordão de pedras sem solução técnica e de empreiteiro. Este nunca tinha visto o mar e as pedras encheram o pátio da mina e o pulmão da obra que não sai do fundo do mar. O “Projeto Açu” é tão bem feito, segundo a lição da página 115, na sua parceria com o Brasil, sem saber aonde quer chegar, qualquer caminho serve. Em vez de pedra, quem sabe a solução possa ser a de usar caixão, não ainda fúnebre, assim pode encher de areia, pois vai entrar. Não é brincadeira não. A natureza dá, tira e castiga quem a desafia. O Rio Paraíba recebe a poluição de três Estados e joga os sedimentos no mar logo acima de São João da Barra - RJ. Netuno, o Deus dos mares revoltos, e Éolo, o do vento, empurram e sopram as areias para a costa. Incrível! As dunas se movem junto com as erosões e os assoreamentos. Com isso, ficam comprometidas a vantagem da grande área plana de retroporto e a da profundidade do porto. A bússola de Eike Batista, que lhe dá a visão de 360°, parece que está com agulha biruta. No meio do caminho da orla surgiu um “puxadinho”. Um quebra-galho no lugar do quebra-mar, uma vez que o porto-açú não sai da ponte, lá vai um porto-mirim. Mas, na p.132: Detesto “puxadinho”. Não me contento com nada que se defina como “mais ou menos”. Vivo pra a excelência. Em nome excelência e da eikecologia acabou-se com a praia pública, pois a dragagem de um canal artificial impede as caminhadas na borda do mar. Este portinho é que vai ter de aguentar o tranco, pois tudo indica que a ponte-açu vai avançar ao mar sem a ligar a lugar algum. Mentira? Sim é mentira de Eike Batista. Vendido como o Açu Porto pronto para operar em 2011. A inauguração está imprevisível, com tantas modificações e puxadinhos. Os erros sucessivos e falta do quebra-mar podem quebrar o porto. Em planta nas imagens do Googol é possível ver um L da ponte e um píer, sem os demais píeres e o quebra-mar. Será que todos os engenheiros estão cegos ou eu é que estou delirando? Ao menos a açu-ponte vai servir para construir, com energia solar ou eólica da MPX Energia, o Farol de Eike. Neste caso, muita gente vai poder subir na torre para se lastimar e ficar a ver navios! Já pensou no sucesso, caso Eike faça um restante lá em cima da torre, com o mar na visão de 360°? Estou errado? Tomara que Eike Batista termine o quebra-mar e seja completada a perna do X, pelo bem do Brasil, mas na dúvida aposto uma terceira Coca-Açu.

O complexo de EikeAçu

No porto tipo de Bordel vai haver de tudo. A confusão vai do nome redundante Superporto do Açu – açu quer dizer grande e super muito maior, mas na falta da dialética e sobra de ética na cartilha na p. 139 – aos trabalhadores que ficaram sem terras, na luta que mal começaram. Alguém desapropriou terras que antes haviam sido compradas baratas e foram revendidas por mega lucros. Os parceiros nacionais e internacionais vão dividir as despesas de operação, por isso o custo só vai ser sabido quando estiver a todo vapor. Uma coisa genial no combate a poluição global são as duas Usinas Térmicas que vão disputar quem polui mais. Uma a gás e outra, não estou mentindo, a carvão da Colômbia. O capitalismo, quem não sabe foi feito na base das sujeiras do pó de carvão. Nada pior que o trabalho na mina de carvão, se iguala ao de escravo até na cor que assume o trabalhador. Na Inglaterra os meninos eram usados para lavrar as camadas delgadas e abrir as galerias de mais baixa altura. As mulheres debaixo da terra e dos patrões conseguiram o direito, junto com o dos meninos, de usar da proibição de trabalho subterrâneo e melhoria dos direitos humanos. Mas o carvão foi, com o ferro, o grande artífice da Revolução Industrial. Servia como fonte de calor dos lares, da luz tirada da queima do gás da hulha e das mais diversas formas de vapor da água gerado nas caldeiras pela queima principalmente do carvão mineral, obtido das minas subterrâneas da Inglaterra, Alemanha e França. Usado nas caldeiras da indústria de tecido, nos locomóveis dos trens e navios. Era o cavalo a todo vapor, não um cavalo pangaré. O petróleo veio na segunda corrida industrial quando a energia em galões podia ir para onde o consumidor está e levá-lo no automóvel. O ciclo do carvão ainda não acabou, pois como agente de calor e redução na siderurgia é o mais importante. Porém, é dos piores agentes de poluição no trabalho, periculoso na mina, a poeira acaba com o pulmão do operário; os riscos de desabamento são constantes e por todo o caminho levanta poeira. Colocar uma ou mais usinas siderúrgicas no Porto Açu já é temerário. Mas, fazer juntas usina a gás e carvão é um crime ambiental terrível. A de gás polui menos e está ou estará disponível no litoral do Rio de Janeiro, entretanto, mais uma Térmica Açu a carvão no mesmo ambiente, ambas com capacidade de geração de 4,5 MW, é totalmente desaconselhável. O Carvão, que deixou rastro de pó preto na origem e no caminho, vai chegar ao Porto Açu no alto mar, ao ser retirado do meganavio, levantará poeira e, até chegar ao local de armazenamento, no transporte por correia e novo descarregamento e carregamento, deixará uma nuvem negra no ar que cairá na cabeça, nos alvéolos dos pulmões e células dos seres vivos. Há uma disputa entre as indústrias que estão com projetos na Eikelândia para ver qual pode poluir mais. A de carvão sai na frente e seguem pari passu as de siderurgia, de energia, de petroquímica, mas há espaço para muito mais com incentivo fiscal. Há solução e formas de mitigar tal situação? Podemos falar em desenvolvimento sustentado? Nada a fazer, porque ele já é sustentado por todos nós. Pelo FAT que alimenta o BNDES.

O Capital

Deveria parar por aqui, senão vou ser coautor do livro mal escrito e minha revisão aqui não inclui a de estilo, gramática e clareza do texto. Um linguista vai poder se divertir, pois é um samba de um rico doido. Uma zorra total com tanto neologismo tipo fazer uma EMBRAER dos mares, meia Bolívia de gás e outros termos inventados. Cita muita coisa dos outros e não dá a referência e o crédito. Os meus relatos e contestações são de conhecimento próprio. Novamente, por outros motivos, vai ter gente que vai ficar a ver navios. Eike, com nosso capital, não conseguiu fazer a obra do capital. Já um cara que fumava charuto conseguiu escrever a obra, com seu Manifesto, mais lida que a bíblia, porém o resultado não lhe pagou o vício. Mas é um clássico e Eike passou longe dele, todavia vai cair na sua cabeça, pois O Capital é que deve ser o livro de cabeceira de todo empreendedor. Lá é possível entender o que é e como se faz dinheiro. Entretanto, para o cara sem capital, cap. 17, O Capital É Covarde, p. 77 é tão covarde que com ele o fraco fica forte, o bandido, honesto, o feio, bonito, o fracassado, vira um homem de sucesso, o sem palavra, ético, o pecador, santo, a rapariga, donzela, quando não compra até a glória e vai por ai. Lógico, que não vai precisar aprender a fazer doação política com Visão 360°, já é expert. Já fazer ou perder capital, em mineração, posso jurar, sob a fé de meu grau de geólogo, que não é coisa de sorte, pois minério não ocorre por acaso, muito embora possa ser encontrado por acaso e até por descaso de detentores de poder e ou informação. Ao pobre o apelo ao garimpo, em geral, é uma ilusão, até quando bamburra o garimpo dá e tira. Ao abonado é preciso avaliar o risco e, se for o caso, investir em mineração, com alguma segurança, baseada em projetos geológicos consistentes e em longo prazo. Mina pronta ou abandonada é possível comprar ou ganhar por meios cartoriais sem custo ou em licitações. Fazer de um prospecto mineral leva tempo e dinheiro, além de depender de muita burocracia, muitas delas do tipo criar a dificuldade para vender a facilidade. Prospecção mineral sistemática, as misteriosas empresas do X nunca fizeram. Suas áreas com direitos minerais até o presente são originadas por oportunismo. Isto não é um bom exemplo de minerador.

O cara é um desnaturado, mineiro galego gosta tanto do Rio, gratuitamente, por isso, eu rio, há...háaaaaaaaaaaa. Canta de galo na Lagoa. Já que não tem glória, comprou o hotel e a Marina da Glória, que não se pintou, mas em vez de usar do próprio dinheiro, o ricaço pega o do fundo de amparo ao trabalhador no BNDES e lá se vai o tempo e a obra de arte, junto do mosteiro trocado pelo do Leme, onde se casou com a noiva legítima patricinha. Aliança de capital e o trabalho não dá certo. O hotel é uma moldura coberta de tela da obra que é a vergonha da orla. É um homem de palavra, sem, contudo obedecer ao sacramento divino assumido no altar, com mais uma obra inacabada do Eike Batista, que pinta e aborda no Aterro do Flamengo. O Eike nos faz de idiota contando lorota, mas vai ter de enfrentar os fantasmas da destemida Dona Lota Macedo Soares que fez o aterro sem um Porto para sua amiga Elizabeth Bishop ou o mau agouro do Corvo. No aterro, Eike não passará seu trator de esteira, nem que me enterre, pois o patrimônio da humanidade é maior que o dele.

A fonte do dinheiro do trabalhador

O biliardário também deixou em branco a página dos empréstimos de pai para filho ou do doleiro inicial. Quem se gaba de ser o homem mais rico do Brasil não deveria precisar tomar dinheiro emprestado. Alguma coisa está errada. O capital é o motor da economia e neste caso completa, sim, um círculo vicioso, capital mercadoria (feita com o trabalho) e mais capital. Ora, se o sujeito possui lastro, não o do calado do Porto Açu que lá longe ainda é raso, não precisa de nosso dinheiro emprestado. O BNDES é um BANCO SOCIAL, era no principio da fundação, não balcão de negócio de ricaço. Mas, se não possui dinheiro, cadastro bom, como vai provar que pode pagar o empréstimo, no caso de gorar o sonho. Pior, um pobre que sofreu alguma mácula na sua vida pregressa os Bancos e agentes de controle de credito, os SERASA e SPCs da vida, não dão perdão ao inadimplente, um negociante, sim essa é de fato a profissão de Eike, um homem de negócio, nenhum de nós daria crédito. Ao menos, enquanto não for auditado pelo Fisco e pagar todos os credores e os pecados veniais e mortais. Dos outros Projetos no Porto Açu, a Eikelândia, se passar o pente fino, é uma brincadeira, mas dinheiro não aceita desaforo. É fácil fazer caridade com o chapéu alheio, mas pode faltar cabeça para vender sua honra ao rei. Tanta sujeira, mas os cegos olham, enxergam, mas não veem, aquilo que está debaixo do nariz.

O capital primitivo

Porca miséria. O cara fica rico do nada, minério é capital pronto recebido de graça, comprando facilidade e nos ensina o que não faz, pois uma a uma das receitas dada no livro, ele não segue ou faz, ou faz ao contrário. Na p. 67 do capítulo 14 da Visão 360 Graus, há uma máxima, mínima, que mostra a falta de visão e que o amor é cego mesmo, não dá como um aforismo, antes um fora. “A paixão – quando acompanhada de racionalidade – é um elemento fundamental para concretizar os planos.” Respirou fundo meu caro leitor, tome folego, pois de todos filósofos aqueles que tentaram desvendar a razão e a paixão, nenhum, seja Platão, Aristóteles (na Grécia) ou os do iluminismo e clássicos posteriores passando como Kant, Schiller, Shopenhauer, Hegel, Nietsche ou Freud e toda linha de seus seguidores ou detratores conseguiu juntar a razão e a paixão. Vai ter de sentir o cheiro de muito perfume ou tomar de seu próprio veneno. Nada é racional no cara e a paixão é efêmera. A velocidade da lancha pode cortar os mares, mas o tempo é maior que a vida feita de homens que, de fato, plantaram árvores, deixaram prole e escreveram livro. Este, o Eike fica devendo e vai dar a mim mais um.

A fortuna virtual

Quanto à honra, a palavra e a ética é coisa pessoal e vou juntar três capítulos em um. O capítulo 34: A Cartilha da Ética, p. 139, pois é fácil falar e difícil manter, sequer a etiqueta. Já foi dito que o capital é aético, assim quem o possua não pode ter palavra e honra. Não respeitou sequer a palavra dada no altar perante a lei de Deus e tampouco a palavra escrita no guardanapo lá nas alturas, com o sócio que lhe deu os caminhos da pedra que contem petróleo e sobre a qual constituiu seu reinado ou seria reinações. Quem trai os parceiros da vida e que lhe deram a boa vida pode falar em honra? Pela lei de Deus, cometeu pecado mortal, difícil de perdoar, salvo se ainda for possível comprar alguma indulgência do Papa. Perante o Código Das Execuções Fiscais e o CPC, há ações em diversas instâncias. Uma eu tenho certeza é com JC, não a sigla do crucificado, mas do meu amigo e colega geólogo João Cavalcanti. O baiano que o introduziu no mundo do ferro de Caetité - BA e levou um “ferro” de R$ 22.000.000,00 pela associação fracassada entre a sua TRX x EBX. O rico gozador diz que não paga o outro rico por ser dívida muito pequena, mas para não ficar dúvida ou dívida, há audiência judicial pública marcada para 30/01/2012.

A fortuna não é uma pedra sólida, muito menos quando sem o alicerce do tipo do Eike, e ainda que fosse puro ouro amarelo, daquele que Francisco Pizarro e Fernando Cortês de seus sonhos, capítulo 9, p. 43, tomaram das civilizações pré-colombianas, principalmente dos incas. Máxima boa que cabe como luva é: Tudo que é sólido desmancha no ar! A fortuna fácil vai fácil, e o óleo pode escorrer entre os dedos e, sem poder segurar, derramará no mar. Quem viver verá!

Este é o prenúncio da crítica, que estou preparando capítulo por capítulo do livro, para não deixar dúvidas e, dai sim, pedra sobre pedra. Leiam a obra e sintam o cheiro do pó, da poeira que já levantei.

A guerra do petróleo

Eike não é ingênuo nos negócios e nem pode considerar que seus leitores são ou quer fazê-los imbecis. Petróleo, desde quando o Coronel Drake achou a 27m de profundidade no seu poço na Pensilvânia, virou uma luta de sangue que provoca as guerras até hoje. É um cartel que era dominado pelas sete irmãs. Com a OPEP, a queda do comunismo das Repúblicas da Rússia (grande produtora, antes das descobertas no mar do norte), a posição ambígua da Venezuela Chavista e desde a quebra do monopólio no Brasil, o quadro de empresas produtoras mudou, mas não as guerras pelo óleo. A invasão do Iraque, as sequências de revoluções internas da primavera árabe e o assassinato do tirano Kadafi é a mostra viva do que o petróleo faz. No Brasil, a luta pelo líquido do diabo vem de longe e quebrou as empresas de Monteiro Lobato, mas não sua espinha que virou a dos seus algozes, pois no CNP, durante o último ano do Governo Vargas, foi criada pela Lei 2004, a Petrobras. Demorou no mínimo desde a descoberta na Bahia do poço de petróleo Lobato, que por ironia do destino não tem nada a ver com o próprio, até 24 de outubro de 1954 para que fosse decretado o monopólio. A luta da Petrobras e do povo brasileiro foi muito grande até chegar aonde chegou, sozinha. Os militares com a ideia do inimigo interno se perderam, mas deram uma posição nacionalista aos recursos minerais, malgrado o Código de Minas da Revolução, ainda em vigor e outorgado por Decreto em 1967. Ainda no Governo Geisel, que havia sido presidente da Petrobras, frente ao segundo choque do petróleo, chorando, teria assinado a abertura do monopólio via contratos de serviço, com cláusula de risco. Não deram em nada e a Petrobras continuou líder na busca e aumentou as atividades no mar, onde achou muito óleo e gás na bacia de Campos e Santos. Nesta área marinha, eu era estudante ainda, em 68, quando o professor Setembrino Petri já havia estudado com o pessoal do CENPS da Petrobras e achado o caminho geológico da bacia de Santos onde tinha certeza do grande potencial petrolífero. A partir da bacia de Sergipe, veio o petróleo de campos e apenas nos últimos anos do litoral paulista, a descoberta do chamado pré-sal, um maná que vem do fundo da terra, debaixo do mar. Mas não é fácil e nem se sabe ainda a sua origem e a extensão da rocha geradora e produtora, além de uma espeça camada de sal, que dificulta a sondagem e a extração. Digo isto para mostrar que a indústria de petróleo não é uma aventura e nem deveria ser para aventureiros. No governo democrático de Fernando Henrique Cardoso, a crise internacional e uma onda do neoliberalismo nos impingiu o estado mínimo e ampliou a abertura do monopólio do petróleo e quase privatizou a Petrobras. Ao menos tentou mudar o nome para Petrobrax. No Governo Lula, com a ANP – Agência Nacional de Petróleo e Gás mais politizada e a Petrobras capitalizada foi dada a sequência aos leilões de áreas de concessão onerosa de petróleo. O Governo da guerreira Dilma Rousseff, ainda, não fez limpeza na área sujeita a tanta poluição. Vou dar meu voto de confiança na esperança que a arma do voto seja o melhor caminho da democracia. As empresas internacionais, que desde os contratos de risco estavam estudando e ganhando know-how na plataforma costeira do Brasil, e algumas nacionais tomaram fôlego. Mas a Petrobras ainda é de longe a líder.

Causa espanto e indignação quando leio na p. 30, cap. 29, O Melhor Negócio do Mundo, só falta dar o versículo da nova bíblia sagrada da corrupção. Veja, leitor, se, depois do que me lembrei de nossa história do petróleo, é possível sozinho um investidor ter sucesso atuando como minerador escoteiro tipo garimpeiro em petróleo:

“A trajetória da OGX já conhecida. Pusemos a companhia de pé em tempo recorde. Ela foi constituída em julho de 2007 e imediatamente captou recursos de U$ 1,3 bilhão por meio de colocação privada de ações. O montante assegurou os fundos necessários para adquirir direitos de exploração de 21 blocos licitados pela ANP em novembro daquele ano. Apenas quatro meses separam a constituição da empresa do leilão da ANP. ... A OGX hoje é a maior companhia privada brasileira no setor de petróleo e gás em áreas marítimas de exploração. ... Uma das artes do empreendedor é enxergar o obvio antes que o óbvio se revele como tal. Minha trajetória em recursos naturais permite afirmar: a OGX é uma empresa única no Brasil e no mundo. ... Os talentos que vieram da Petrobras vivenciam oportunidade de trabalhar numa empresa privada, onde os procedimentos são mais rápidos, flexíveis, ágeis. É uma empresa formada por profissionais que conhecem recursos e aceitam o risco. ... A reserva de gás que a OGX identificou na bacia terrestre do Parnaíba, no Maranhão, é a prova disso. ... Se confirmada a previsão das reservas, equivalerá a um terço de todo o consumo de gás no Brasil. É uma nova província, um novo mundo. É metade de uma Bolívia. ... A essência de minha personalidade empresarial está expressa num acontecimento da grandeza da descoberta do Parnaíba. ... identificamos uma nova Bacia de Campos e há outra província prestes a se consolidar na bacia de Santos. Perfuramos com êxito 57 poços nas duas bacias. Isto é superar expectativas, encantar e surpreender o mercado.”

Minha Virgem Santa, valha-nos Deus, pelo visto acima, o Eike Batista é o próprio Supremo, o Zeus. Uma vez que ele diz ter experiência em recursos naturais, eu que não tenho tanto, nem encanto o mercado, vou usar da minha arma a dialética e buscar os contrários já mostrados e outros identificados ao longo do longo caminho de guerra de uma petroleira e do curto e misterioso da OGX. Há que seguir as pegadas na caminhada e ver todas as rochas para traçar o perfil do caminho das pedras.

Vamos lá, então, à missão e ver o quanto sabemos da missa. Caso contrário se ficar silente deveria rasgar meu diploma e me redimir com os alunos por ter ensinado em vão, se a geologia não é necessária para se encontrar e avaliar uma jazida mineral.

A incógnita do verdadeiro X

Não me canso de repetir que o minério está no local em que ocorre, mas por uma série de processos e fatores que permitiram sua formação. Não há milagre é igual o caçador de elefantes, quando existia, que não ia a qualquer lugar na busca do seu marfim.

Impossível, exceto em jogo de cartas marcadas, uma empresa sem tradição alguma em petróleo se constituir, e em quatro meses, participar de leilão e dar de cara com áreas férteis. Dinheiro ainda não dá em árvore, é preciso saber quais foram os investidores da aventura e como foi formada a equipe técnica. Ponce de Leon andou procurando a fonte da juventude que Eike Batista, qual um pastor, encontrou nas idosas canadenses as quais juntaram suas moedas no fundo de pensão que, caso não seja folclore, aplicaram tudo nas ações do Mister X, em 2007, na esperança de se rejuvenescer com o petróleo que está por jorrar. Prefiro não comentar em respeito aos idosos. Mas já é possível saber devidos aos técnicos, pois o próprio Eike diz acima, vieram da Petrobras, insatisfeitos com a empresa. Mas não fizeram a quarentena e certamente trouxeram como se diz os mapas das áreas quentes da licitação debaixo do braço. Pior, não vieram só, Eike contratou os detentores de informação estratégicas, ao menos um ex-diretor e vários superintendes. Isso na linguagem comum é roubo e crime. Aliás, na mesma época, houve um grande roubo de equipamentos e computadores de um navio de sísmica da Petrobras com informações preciosíssimas que até hoje a Polícia Federal não desvendou. Mas é simples, em vez de procurar o mordomo vai atrás do dinheiro e a quem interessa o crime. A Petrobras e a ANP um dia ainda vão ter de cobrar e ser cobrada, além de ter de prestar conta dessa facilidade de a OGX em quatro meses, repito, ter requerido áreas quentes na bacia de Campos e de Santos. É caso de polícia e CPI. Quanto às áreas do Maranhão, nós já sabíamos que havia um dono e agora apareceu outro. Uma vez que em vez de usar o sistema métrico ou o arcaico barril, usa meia Bolívia, que não significa nada, além de lembrar que foi escorraçado por Evo Morales. O potencial das nossas bacias sedimentares de idade do período Paleozoico, pelas pesquisas da Petrobras, não é bom. Não há boas rochas geradoras, poucas acumuladoras e sem dobramentos, há poucas estruturas acumuladoras. A possibilidade de gás é pouco melhor, mas não é de se comparar com o ambiente da Bolívia ou do nosso marinho. Se há um aborto da natureza não pode ser encontrado de uma hora para outra sem pesquisa séria, cara e demorada. Pode ser o caso de algum modelo geológico que a Petrobras vinha trabalhando há tempo e foi roubado ou que inclusive era sabido, mas não era prioridade da empresa no momento e a informação vazou criminosamente e a OGX de Eike estimulou o leilão que ganhou. Nesse mato tem coelho e logo vamos saber. Primeiro, um balão de ensaio para elevar as ações que caíram, causando prejuízo a muita gente, perdendo com a OGX. Segundo, é preciso saber de fato a rocha geradora, acumuladora e a armazenadora de gás, que não acho que possa ser grande coisa, muito embora não seja especialista em petróleo e gás. Aposto outra Coca-Cola que esse gás é um blefe. O petróleo, sim, é coisa de gente grande e Eike, com suas trapalhadas ainda é um menino de calças curtas. No acidente do Campo do Frade, com a experiente Chevron, nosso maior entendido não deu uma única palavra, nem de solidariedade e a ANP ameaça cassar as concessões, pois deve ter imaginado se isso vai acontecer com ele que, igual seus acionistas, nunca sentiu o cheiro de petróleo. O livro a trajetória do maior empreendedor do Brasil é uma mensagem positiva ao mercado, mas pode virar no avesso. Talvez fosse melhor um título tout court: O diamante virou pó! O autodidata foge da Universidade igual o diabo do X da Cruz. O saber é Universal e não pode ser comprado. O professor Ildo Sauer, um colega da Velha USP – ex-diretor da Petrobras – não fez o exame do DNA, mas na sua entrevista na Revista da ADUSP deu nome ao pai da criança da saga de empreendedor e identificou o cromossomo X. Pode haver mais de um pai! Agora façam nova leitura do livro: O X Da Questão e vejam de quem é a razão. Quem não leu não perca tempo. O Brasil não é de Eike Batista, que não é o Imperador Carlos Magno, nem é Visconde de Mauá, tampouco, muito embora possa ser um lobo, um Lobato do Petróleo É Nosso. Há que cair na real!

*jornalista e geólogo